O governo da Colômbia e os terroristas esquerdistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assinaram um acordo de cessar-fogo histórico nesta quinta-feira que os deixa próximos de encerrar a última grande insurgência da América Latina depois de mais de meio século de guerra.
O acordo, que coroa três anos de conversas em Havana, abre caminho para um acordo de paz definitivo para pôr fim a um conflito nascido nos anos 1960 devido à frustração com as profundas desigualdades sócio-econômicas e que sobreviveu ao fim de outros grandes levantes no continente.
"Talvez este seja o último dia da guerra", disse o comandante das Farc, Rodrigo Londoño, mais conhecido por seu nome de guerra, Timochenko, com voz embargada.
"Estamos perto de um acordo de paz final", afirmou depois de apertar a mão do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, na cerimônia de assinatura na capital cubana.
O pacto foi mais longe do que muitas pessoas esperavam, já que as Farc se comprometeram a submeter um acordo definitivo ao crivo do povo colombiano por meio de um plebiscito, uma promessa feita por Santos que foi um dos pontos centrais das conversas.
A meio caminho de seu segundo mandado e apostando seu legado em um acordo de paz, o líder colombiano de 64 anos disse que o pacto irá acrescentar até dois pontos percentuais anuais ao crescimento econômico do país.
Mas analistas dizem que, devido às melhorias de segurança dos últimos doze anos, a Colômbia já colheu os frutos do chamado 'dividendo da paz’. O BanColombia disse em um relatório recente que um pacto formal provavelmente irá significar um crescimento econômico anual de 0,3 por cento.
Os guerilheiros irão depor as armas até 180 dias após a assinatura do pacto final, disse Rodolfo Benitez, mediador cubano das conversas que apresentou o entendimento em uma cerimônia à qual também compareceram o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, o presidente cubano, Raúl Castro, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Timochenko agradeceu ao falecido mandatário venezuelano Hugo Chávez, a quem se credita ter mediado as tratativas entre as Farc e o governo colombiano.
Na Colômbia, igrejas badalaram os sinos ao meio-dia para marcar o início da solenidade de assinatura.