O ex-presidente da França François Hollande foi interrogado pela polícia francesa no início deste mês na condição de testemunha de uma investigação brasileira sobre corrupção a respeito de um acordo para a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), disse uma fonte próxima do político.
O antecessor de Hollande, Nicolas Sarkozy, se recusou a ser interrogado no mesmo inquérito, segundo o jornal francês Canard Enchaîné, o primeiro a noticiar nesta terça-feira que se solicitou o depoimento dos ex-presidentes no caso.
“O encontro de fato ocorreu”, disse a fonte próxima de Hollande a respeito da conversa do ex-líder socialista com a polícia no dia 4 de julho. Assessores de Sarkozy não responderam a um pedido de comentário.
O caso gira em torno da compra de caças Gripen, da sueca SAAB, em 2013, para a FAB quando Dilma Rousseff estava no poder. O avião sueco derrotou o F-18 Super Hornet, da Boeing, e o francês Rafale, produzido pela Dassault Aviation.
Procuradores brasileiros estão investigando se o antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, usou sua influência sobre a sucessora para ajudar a proposta da SAAB a ser a vencedora da concorrência.
Os elementos franceses derivam das negociações, no final das contas mal-sucedidas, entre o governo brasileiro e os ex-líderes da França para comprar os caças da Dassault nos anos que antecederam o acordo com a SAAB.
Hollande e Sarkozy foram instados a depor como parte da defesa de Lula, acrescentou o Canard Enchaîné. Os advogados de Lula disseram que ele não teve participação na compra dos Gripen.
No ano passado, Lula começou a cumprir pena de prisão resultante de uma condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato.
Dilma não está sendo acusada de nenhuma irregularidade no caso da compra dos caças.
Ex-presidente francês foi ouvido pela Justiça brasileira por caso Rafale¹
O ex-presidente francês François Hollande foi ouvido como testemunha no contexto da assistência jurídica mútua solicitada pelo Brasil referente a uma investigação sobre a venda – que não foi concluída – de aeronaves Rafale, informou nesta quarta-feira um membro de sua equipe.
A audiência aconteceu no dia 4 de julho em Paris no escritório de Holland, disse esta fonte, confirmando informações do semanário Canard enchaîné.
De acordo com o veículo, o antecessor de François Hollande no Eliseu, Nicolas Sarkozy, recebeu uma intimação da polícia para ser interrogado neste caso no mesmo dia, mas se recusou a comparecer.
Questionado pela AFP, o Ministério Público Nacional (PNF) não quis comentar.
A Justiça brasileira investiga as condições em que o país encerrou, em dezembro de 2013, mais de dez anos de negociações e adiamentos, escolhendo o Gripen sueco às custas do Rafale francês e do F/A-18 Super Hornet da americana Boeing, por um contrato de 4,5 bilhões de dólares.
Neste caso, o ex-presidente brasileiro Lula, que está preso desde abril de 2018 por outro caso de corrupção, é acusado de lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Segundo os procuradores, ele teria recebido 2,25 milhões de reais através de uma empresa de seu filho Luis Claudio "para influenciar" Dilma Rousseff, que o sucedeu como chefe de Estado em 2010, para escolher o Gripen.
Em junho de 2018, o primeiro-ministro sueco Stefan Löfven foi ouvido como testemunha em Estocolmo, também a pedido da Justiça brasileira, como parte da investigação.
¹Com agência AFP