O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu durante mais de uma hora por videoconferência com líderes do Reino Unido, da França, Alemanha, Itália, Polônia, União Europeia e OTAN para discutir a escalada de tensão na crise da Ucrânia.
A discussão aconteceu no final da noite desta segunda-feira (horário em Bruxelas). Todos concordaram que qualquer futura agressão da Rússia contra a ex-república soviética terá graves consequências.
Depois da reunião transatlântica, a Casa Branca declarou que o presidente Joe Biden e seus aliados europeus “reiteraram a preocupação contínua sobre o reforço militar russo nas fronteiras da Ucrânia”. Todos os dirigentes ressaltaram “o desejo comum de uma solução diplomática”, porém disseram que em caso de uma invasão, a Rússia sofrerá “consequências massivas e custos econômicos severos”.
No final do encontro, Biden elogiou “a total unanimidade” entre americanos e europeus. A videoconferência aconteceu no mesmo dia em que o Pentágono colocou em alerta 8.500 soldados, que poderão ser mobilizados como parte das tropas da OTAN no contexto da crise da Ucrânia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que pretende propor um “caminho de desescalada de tensão” ao presidente russo, Vladimir Putin. Na quarta-feira, os conselheiros diplomáticos da França, Alemanha, Rússia e Ucrânia se reúnem em Paris.
As intenções de Moscou são relativamente previsíveis, porém o seu maior objetivo é bastante claro: desestabilizar a Europa. Apenas o presidente russo sabe como e quando as etapas deste plano serão executadas. Putin será o único a decidir sobre o momento de parar de ensaiar suas manobras militares na fronteira com a Ucrânia e avançar para uma invasão.
Em Bruxelas, há um medo real de que a Europa possa estar entrando na sua pior crise de segurança em décadas. A União Europeia tem afirmado que as movimentações das tropas russas são uma tentativa para minar a integridade territorial da Ucrânia. Por outro lado, o pior pesadelo para o líder russo é ver a Ucrânia se juntando à OTAN. O Kremlin quer impedir a expansão da aliança militar em direção ao leste a todo custo.
UE não vê necessidade de retirada de diplomatas
Diante da ameaça iminente de uma invasão russa, Washington e Londres começaram a retirar alguns diplomatas e suas respectivas famílias da capital ucraniana. Em Kiev, os moradores seguem a vida dentro de uma aparente normalidade e não demonstram nenhum sinal de pânico.
Apesar do alerta de um provável ataque russo a qualquer hora, os cafés e lojas estão abertos e cheios de clientes. Para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, “os riscos de uma invasão russa existem há mais de um ano, e eles não aumentaram”.
Zelenskiy acredita que o Kremlin está criando deliberadamente uma agitação para prejudicar os ânimos do país. Até o momento, a União Europeia não pediu ao seu corpo diplomático em Kiev para abandonar a Ucrânia.
O chefe da diplomacia do bloco europeu, Josep Borrell, não crê que os europeus devam deixar a Ucrânia enquanto as negociações prosseguirem, a menos que os EUA compartilhem mais informações que justifiquem a medida. Ao mesmo tempo, Borrell garantiu que a UE está pronta para agir caso a diplomacia fracasse.
Sem consenso sobre sanções
Reunidos na segunda-feira em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores do bloco ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre quais sanções poderiam ser impostas contra a Rússia, caso a invasão se concretize.
A única certeza dos chanceleres europeus é de que as medidas punitivas deveriam ser aplicadas contra Moscou em um prazo de 48 horas após uma possível invasão, e que teriam que ser coordenadas com os EUA e o Reino Unido, que também prometeram punições.
Entretanto, alguns países do bloco europeu receiam retaliações como, por exemplo, o corte no fornecimento de gás. A Rússia é a maior fornecedora de gás natural para a Europa. Para o Kremlin, não há razão para “tanta histeria”, comentou uma porta-voz da presidência russa, “a Rússia sempre assegurou a entrega do gás mesmo durante o pior momento da Guerra Fria”.