Os Estados Unidos planejam iniciar negociações para reposicionar algumas de suas forças nos territórios vizinhos ao Afeganistão após a retirada do país, indicou nesta terça-feira (20) o comandante militar de Washington para a região.
"Estamos planejando para o futuro continuar as operações de contraterrorismo na região, garantindo que as organizações extremistas violentas que lutam por sua existência dentro do Afeganistão permaneçam sob vigilância e pressão persistentes", disse o chefe do Comando Central, Kenneth McKenzie, em uma audiência no Congresso.
O presidente Joe Biden prometeu retirar a última das tropas norte-americanas do Afeganistão, uma força atualmente composta por cerca de 2.500 soldados, em um prazo de seis meses, para pôr fim à presença dos EUA no país duas décadas após a invasão em função dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Porém, a coalizão liderada pelos EUA no Afeganistão teme que, uma vez que eles se retirem, os grupos extremistas que operam no Afeganistão, como a Al Qaeda e o Estado Islâmico, possam ressurgir de forma que um governo afegão enfraquecido não seria capaz de impedir.
McKenzie afirmou que o Pentágono está estudando suas opções para continuar monitorando e potencialmente atacando esses grupos a partir de países vizinhos.
"Se sair do Afeganistão e quiser voltar para realizar esse tipo de operação, há três coisas que deve fazer: precisa encontrar o alvo, acertar o alvo e ser capaz de finalizar o alvo", disse ele na audiência.
Todos os três exigem forte apoio de inteligência, apontou ele, tornando mais difícil fazê-lo de fora do Afeganistão, mas "não impossível".
McKenzie não citou nenhum dos países considerados. "Vamos olhar para todos os países da região, nossos diplomatas se comunicarão e falaremos sobre os lugares onde podemos basear" os recursos americanos, explicou ele ao Comitê de Serviços Armados da Câmara de Representantes.
"No momento, não temos nenhum desses acordos", acrescentou.
Turquia anuncia adiamento de negociações de paz sobre o Afeganistão
A Turquia anunciou nesta terça-feira (20) o adiamento até meados de maio das negociações de paz sobre o conflito no Afeganistão, cuja realização estava prevista inicialmente para 24 de abril em Istambul.
"Decidimos adiar as negociações" até o fim do mês do Ramadã, em meados de maio, disse o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, em entrevista à emissora de televisão HaberTurk.
A cúpula em Istambul deveria ser celebrada após o anúncio da retirada das tropas americanas do Afeganistão antes de 11 de setembro de 2021, aos 20 anos dos atentados de 11/09/2001.
Esta conferência de paz, da qual participarão uma delegação do governo e outra dos talibãs, já tinha sido adiada de 24 de abril a 4 de maio.
"Acreditamos que será mais útil adiá-la", declarou Cavusoglu, que defendeu que "não há nenhuma necessidade de se precipitar".
O ministro turco explicou que a decisão de celebrá-la depois do Ramadã dará mais tempo a cada um dos grupos para preparar a lista de integrantes de suas delegações.
Os Estados Unidos têm interesse em que se avance na resolução do estagnado conflito no Afeganistão, diante do risco de que a retirada de suas tropas favoreça uma escalada neste país da Ásia central.
"Não haverá solução militar para o conflito no Afeganistão, só pode haver um acordo político e um cessar-fogo", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, na terça-feira, antes da Turquia anunciar o adiamento da cúpula.
A conferência de paz de Istambul é parte de "um amplo esforço e um amplo compromisso" para chegar a um acordo político.