Os EUA caçarão e matarão o novo líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, como fez com seu antecessor, Osama bin Laden, prometeu nesta quinta-feira o mais graduado militar de Washington. Segundo o chefe do Estado-Maior Conjunto americano, Mike Mullen, a rede terrorista ainda apresenta uma ameaça aos EUA. "Como buscamos capturar e matar Bin Laden – e fomos bem-sucedidos -, certamente faremos o mesmo com Zawahiri", disse.
A indicação de Zawahiri, braço direito de Bin Laden e mentor dos ataques em Nova York e Washington no 11 de Setembro de 2001, foi confirmada pelo comando geral da organização em um site militante e disseminada pelo centro de mídia Al-Fajr, o braço de comunicação da Al-Qaeda.
No comunicado, o grupo diz que continuará a empreender sua jihad – guerra santa – contra os Estados Unidos e Israel. Bin Laden foi morto em uma operação no Paquistão no dia 2 de maio. "Não me surpreendeu em nada o fato de ele assumir esse posto", disse Mullen.
A opinião foi compartilhada pelo porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, que disse não ser uma surpresa a ascensão de Zawahri. Ele afirmou, porém, que a nova liderança não muda o fato de Al-Qaeda ser uma ideologia falida.
A porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, também apontou o fracasso da rede terrorista, afirmando que "praticamente não importa" quem é o novo líder da organização. "Se você observar, os movimentos pacíficos por mudança ao redor do mundo fizeram muito mais pelo povo muçulmano do que a Al-Qaeda jamais fez", afirmou.
Já o secretário americano da Defesa, Robert Gates, disse que o novo líder da Al-Qaeda terá de enfrentar "muitos desafios" para impor sua autoridade à organização porque não tem o carisma de Bin Laden. "Bom, não sei se é um cargo ao qual alguém queira aspirar, considerando as circunstâncias, mas acho que enfrentará muitos desafios", disse no Pentágono.
Outra autoridade americana não identifica afirmou que Zawahiri terá dificuldades para liderar o grupo islâmico "enquanto estiver se concentrando em sua própria sobrevivência". Segundo a fonte, Zawahiri não tem a capacidade de liderança nem as credenciais de seu antecessor.
"(Ele) não tem demonstrado uma liderança forte nem capacidade de organização durante seu tempo na Al-Qaeda ou previamente na jihad islâmica egípcia", disse a autoridade. "Sua ascensão para o posto de principal liderança provavelmente atrairá críticas, senão alienação e desacordo."
"Não importa quem assumirá o comando, ele terá dificuldades para liderar a Al-Qaeda enquanto se concentra na própria sobrevivência, à medida que o grupo continua perdendo membros-chave", disse a autoridade. "A questão fundamental é que Zawahiri não está nem perto das credenciais que (Osama bin Laden) tinha", disse.
Há menos de dez dias, Al-Zawahiri fez declarações ameaçando os Estados Unidos, afirmando que Bin Laden continuará “aterrorizando” o governo e a sociedade americanos do túmulo. Zawahiri teria sido visto pela última vez na cidade de Khost, no leste do Afeganistão, em outubro de 2001. Desde a invasão americana que derrubou o regime do Taleban, naquele ano, passara a viver escondido.
Acreditava-se que ele estivesse escondido na região montanhosa perto da fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, com a ajuda de líderes tribais locais simpáticos à sua causa. Mas o assassinato de Bin Laden em Abbottabad, ao norte da capital paquistanesa, Islamabad, sugere que seu local de esconderijo seja outro.
'Cérebro da Al-Qaeda'
Zawahiri nasceu no Cairo em 1951. Cirurgião oftalmologista de formação, ele ajudou a fundar o grupo militante Jihad Islâmica Egípcia e foi o ideólogo-chefe da Al-Qaeda. Alguns especialistas acreditavam que ele tenha sido o “cérebro operacional” por trás dos atentados de setembro de 2001.
Dentro da Al-Qaeda, ele vinha ocupando a posição de número dois, atrás somente de Bin Laden. Era também o segundo na lista de “terroristas mais procurados” pelo governo americano, que continha 22 nomes. Os Estados Unidos oferecem um prêmio de US$ 25 milhões por sua captura.
Ele também foi indiciado pelos Estados Unidos por seu papel nos ataques a bomba a embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998, e foi condenado à morte a revelia no Egito por suas atividades com a Jihad Islâmica nos anos 1990. A mulher e os filhos de Zawahiri teriam sido mortos em um ataque aéreo americano no fim de 2001.
*Com Reuters, AFP e BBC