Os Estados Unidos pediram nesta terça-feira que especialistas internacionais avaliem a origem do novos coronavírus e os "primeiros dias do surto" em uma nova investigação sobre a origem do vírus responsável pela Covid-19.
Agências de inteligência dos EUA estão examinando relatos de que pesquisadores de um laboratório de virologia chinês ficaram gravemente doentes um mês antes de os primeiros casos de Covid-19 serem relatados em 2019, de acordo com fontes do governo dos EUA, que advertiram, no entanto, que ainda não há provas de que a doença se originou no laboratório.
"A fase 2 do estudo das origens da Covid deve ser lançada com termos de referência transparentes, com base científica e dando aos especialistas internacionais a independência para avaliar completamente a origem do vírus e os primeiros dias do surto", disse o secretário de Saúde dos EUA, Xavier Becerra, em uma mensagem de vídeo para a reunião ministerial anual da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Becerra não mencionou diretamente a China, onde os primeiros casos humanos conhecidos de Covid-19 surgiram na cidade de Wuhan em dezembro de 2019.
A origem do vírus é fortemente contestada. Em um relatório divulgado em março, escrito em conjunto com cientistas chineses, uma equipe liderada pela OMS que passou quatro semanas em Wuhan em janeiro e fevereiro disse que o vírus provavelmente foi transmitido de morcegos para humanos por meio de outro animal, e que "a introdução por meio de um incidente de laboratório foi considerado um caminho extremamente improvável".
Perguntando sobre uma nova missão de acompanhamento, o porta-voz da OMS Tarik Jasarevic disse à Reuters na segunda-feira que a agência estava revisando as recomendações do relatório em nível técnico.
“As equipes técnicas prepararão uma proposta para os próximos estudos que deverão ser realizados e a apresentarão ao diretor-geral para sua consideração”, disse ele, referindo-se ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Jasarevic, lembrando observações de Tedros em 30 de março, disse que mais estudos seriam necessários em uma série de áreas, incluindo a detecção precoce de casos e clusters, os papéis potenciais dos mercados de animais, a transmissão através da cadeia alimentar e a hipótese de incidentes de laboratório.
EUA e outros países pedem prosseguimento da investigação sobre origem da covid-19¹
Estados Unidos e outros países pediram à Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta terça-feira (25), que continue a investigação sobre a origem da covid-19, que ainda não foi determinada, embora a hipótese da transmissão por um animal continue sendo privilegiada.
A 74ª Assembleia Mundial da Saúde, que começou na segunda-feira (24), reúne os 194 membros da OMS.
O representante dos Estados Unidos, Jeremy Konyndyk, destacou a importância de se ter uma "investigação sólida, completa e dirigida por especialistas sobre as origens da covid-19".
"É importante que preparemos a fase 2 do estudo das origens para que tenha sucesso", disse Konyndyk.
"O propósito desta investigação não é atribuir responsabilidades, e sim confiar na ciência, para encontrar a origem do vírus e da epidemia, para ajudar a evitar que uma catástrofe global deste tipo volte a acontecer", completou Jeremy Konyndyk.
Outros países, incluindo Austrália, Japão e Portugal, expressaram posições similares.
A primeira fase do estudo aconteceu no início do ano na região de Wuhan, na China – considerada o berço da pandemia -, com uma equipe de especialistas internacionais e cientistas chineses, em um contexto de suspeita de falta de independência a respeito de Pequim.
Em 29 de março, os especialistas concluíram que a transmissão para humanos de um animal intermediário é uma hipótese "muito provável" e afirmaram que um incidente de laboratório, uma tese muito defendida pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, continua sendo "extremamente improvável".
Um dia depois, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que estava disposto a enviar especialistas para investigar a hipótese de vazamento de um laboratório chinês.
A China, que sempre negou esta possibilidade, foi acusada de ter obstruído a missão de investigação, em particular por ter demorado meses até aceitar a presença de cientistas em seu território.
O próprio diretor da OMS criticou a falta de acesso aos dados da China.
O coordenador da delegação de cientistas internacionais, Peter Ben Embarek, declarou que se esforça para solucionar a questão do acesso aos dados na fase 2 do estudo.
Desde então, a OMS não divulgou nenhuma informação sobre o avanço da segunda fase do estudo.
¹com AFP