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EUA pede ao mundo para apoiar participação de Taiwan nas instituições da ONU

Os Estados Unidos pediram nesta terça-feira (26) ao mundo que "apoie a participação significativa e sólida de Taiwan" nas instituições da ONU, apesar da resistência da China. "Incentivamos todos os Estados-membros da ONU a se unirem a nós para apoiar a participação sólida e significativa de Taiwan em todo o sistema da ONU e na comunidade internacional", disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.

"Taiwan é um sócio crucial dos Estados Unidos e um sucesso democrático", acrescentou em um comunicado para comemorar os 50 anos desde que a Assembleia Geral da ONU votou para manter a China e expulsar Taipei.

No texto, capaz de despertar a ira da China, Blinken afirmou que a participação de Taiwan no sistema da ONU "não é uma questão política, é uma questão pragmática" e insistiu que está de acordo com a doutrina das Nações Unidas em relação à China.

"A exclusão de Taiwan prejudica o importante trabalho da ONU e suas agências", insistiu ao citar a exclusão de Taipei das reuniões da Organização de Aviação Civil Internacional e da Organização Mundial da Saúde, apesar de milhões de passageiros passarem pelos aeroportos taiwaneses todo ano e de a ilha ter sido aclamada pela sua resposta de "classe mundial" à pandemia de coronavírus.

Os Estados Unidos estão "entre os muitos Estados-membros da ONU que veem Taiwan como um sócio valioso e um amigo de confiança", acrescentou Blinken, que destacou que Washington continua reconhecendo apenas Pequim, com quem estabeleceu relações diplomáticas em 1979 em detrimento de Taipei.

Essa declaração ocorre em meio às grandes tensões no Estreito de Taiwan, depois que Pequim realizou, no início do mês, um número recorde de incursões aéreas perto da ilha.

A China, que exerce o poder de veto no Conselho de Segurança, intensificou seus esforços para excluir Taiwan desde a eleição de 2016 da presidente Tsai Ing-wen, que enfatiza a identidade separada da ilha.

Taiwan elogiou o apoio de Blinken e seu reconhecimento de que o "país" é um "sócio vital dos Estados Unidos e um exemplo de democracia".

"Seu apoio à participação significativa do país nas atividades, mecanismos e reuniões das agências especializadas da ONU é fundamental para abordar os desafios globais com sucesso", disse o ministério das Relações Exteriores de Taiwan em um comunicado.

Questionado na semana passada sobre a possibilidade de uma intervenção militar americana para defender Taiwan em caso de um ataque da China, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, respondeu afirmativamente: "Sim, temos um compromisso nesse sentido".

Sua declaração pareceu contradizer a política americana de longa data da chamada "ambiguidade estratégica", pela qual Washington ajuda Taiwan a construir e fortalecer suas defesas, mas sem prometer explicitamente ajudar em caso de um ataque.

Washington depois esclareceu que mantém sua política com Taiwan inalterada.

Presidente de Taiwan confirma presença de tropas de treinamento dos EUA

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, confirmou a presença de um número reduzido de tropas americanas para ajudar a formar o exército da ilha e disse ter "fé" em que os Estados Unidos defenderão a ilha contra a China, durante entrevista transmitida na quarta-feira (27) pela rede CNN.

As declarações de Tsai Ing-wen provocaram a imediata reação da China, que criticou duramente, nesta quinta (28), a presença de militares americanos em Taiwan. "Nós nos opomos firmemente a qualquer forma de intercâmbios oficiais e contatos militares entre Estados Unidos e Taiwan", disse à imprensa o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.

Em um editorial, o jornal nacionalista chinês Global Times considerou que, "com a presença de soldados americanos em Taiwan, cruzou uma linha vermelha".

No início do mês, uma fonte do Pentágono confirmou pela primeira vez a presença de tropas americanas em Taiwan. Até agora, no entanto, nenhum líder desta ilha havia admitido esta presença, publicamente, desde a saída da última guarnição americana em 1979. Neste ano, Washington transferiu seu reconhecimento diplomático de Taipei para Pequim.

Ao ser questionada sobre quantos soldados americanos se encontram estacionados em Taiwan, Tsai respondeu: "não tantos quanto as pessoas pensam".

"Temos uma ampla cooperação com os Estados Unidos com o objetivo de aumentar nossas capacidades defensivas", afirmou.

À pergunta sobre se confiava em uma ajuda americana em caso de ataque da China, a presidente taiwanesa respondeu: "Tenho fé".

Em um discurso para deputados nesta quinta, o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-Cheng, retomou a questão.

"Temos intercâmbios pessoais, e eles estão aqui para cooperação militar. Mas isso é diferente, segundo minha definição, de ter 'tropas estacionadas'", afirmou.

Ambiguidade estratégica

Ontem, o presidente americano, Joe Biden, disse que os EUA estão "profundamente preocupados com as ações coercitivas e agressivas da China (…) no estreito de Taiwan".

As tensões foram aumentando, em meio às incursões aéreas chinesas perto deste país.

Estas ações "ameaçam a paz e a estabilidade regionais", acrescentou Biden, conforme uma gravação de suas declarações obtida pela AFP.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também provocou a ira de Pequim, ao defender na terça-feira a "participação significativa" de Taipei nos órgãos da ONU e na cena internacional.

"A exclusão de Taiwan mina o importante trabalho da ONU e de suas agências", frisou, insistindo em que a contribuição da ilha é necessária para abordar "um número sem precedentes de desafios globais".

"Taiwan não tem direito de participar da ONU", respondeu Pequim imediatamente, por meio do porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan, Ma Xiaoguang.

É provável que a delicada questão de Taiwan fragilize ainda mais as relações entre Estados Unidos e China, que passam por seu ponto mais baixo em anos. Na semana passada, Biden pareceu querer enviar uma nova mensagem de firmeza a Pequim.

Ao ser perguntado na semana passada sobre a possibilidade de uma intervenção militar americana para defender Taiwan, no caso de um ataque chinês, o presidente dos EUA respondeu afirmativamente: "Sim, estamos comprometidos nesse sentido".

Sua declaração pareceu contradizer a velha postura de "ambiguidade estratégica" americana. No âmbito desta política, Washington ajuda Taiwan a construir e reforçar sua defesa, mas sem prometer, explicitamente, apoiar a ilha em caso de ataque.

A fala de Biden não foi bem recebida em Pequim e, pouco depois, o governo americano garantiu que mantém "sem alterações" sua política em relação a Taiwan.

A China considera Taiwan como uma de suas províncias, embora não controle esta ilha de 23 milhões de habitantes, e prometeu reunificá-la – à força, se necessário.

"O princípio de uma única China é a base das relações sino-americanas", ressaltou o porta-voz da diplomacia chinesa nesta quinta-feira.

"Os Estados Unidos não devem subestimar a forte determinação do povo chinês em defender sua soberania e integridade territorial", advertiu Wang.

Biden promete apoiar liberdade na Ásia e faz críticas à China sobre Taiwan

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse aos países do Sudeste Asiático na quarta-feira que os EUA os apoiarão na defesa da liberdade dos mares e da democracia e chamou as ações da China em relação a Taiwan de "coercivas" e uma ameaça à paz e à estabilidade.

Falando em uma cúpula virtual do Leste Asiático com a presença do premiê chinês Li Keqiang, Biden disse que Washington iniciaria negociações com parceiros do Indo-Pacífico sobre o desenvolvimento de uma estrutura econômica regional, algo que os críticos dizem que faltou à sua estratégia regional.

O Sudeste Asiático se tornou um campo de batalha estratégico entre os Estados Unidos e a China, que controla a maior parte do Mar do Sul da China, e Pequim aumentou a pressão militar e política sobre Taiwan, uma ilha autônoma que Pequim considera sua.

Biden reiterou que os Estados Unidos têm um compromisso "sólido como uma rocha" com Taiwan. "Estamos profundamente preocupados com as ações coercitivas da China", disse Biden, alegando que elas "ameaçam a paz e a estabilidade regionais".

Li Keqiang afirmou na cúpula, que reuniu líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) com parceiros regionais, que defender a paz, estabilidade, liberdade de navegação e sobrevoo no Mar do Sul da China é do interesse de todos. "O Mar do Sul da China é nosso lar comum", disse ele.

China diz que Taiwan não tem direito de ingressar na ONU

Taiwan "não tem o direito de ingressar na ONU", afirmou nesta quarta-feira (27) o governo chinês, depois que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu uma inclusão maior de Taipé nas instituições da ONU.

"A ONU é uma organização intergovernamental composta por Estados soberanos", declarou Ma Xiaoguang, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan em Pequim. "Taiwan é parte da China", acrescentou.

Blinken lamentou que Taiwan esteja cada vez mais excluído do cenário mundial e defendeu uma participação da ilha no "sistema da ONU", em uma declaração para marcar o aniversário de 50 anos da votação da Assembleia Geral sobre a admissão da China na organização, marginalizando Taiwan.

Por sua vez, Taiwan agradeceu aos Estados Unidos pelo apoio à sua inclusão nas Nações Unidas. "Agradecemos muito", disse o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, a repórteres durante sua primeira visita oficial a Praga.

"Continuaremos a lutar por nossos direitos nas organizações internacionais para que o povo de Taiwan também possa contribuir", declarou Wu.

Pequim considera Taiwan – para onde fugiram os nacionalistas chineses após sua derrota para os comunistas em 1949 – uma província que deve ser reunificada, inclusive pela força se necessário.

Ma declarou que a República Popular da China é "o único governo que representa legalmente toda a China" e fez um apelo para que os dirigentes de Taiwan abandonem a ideia de depender de Washington para alcançar a independência.

Blinken disse na terça-feira que "uma participação significativa de Taiwan no sistema da ONU não é um tema político, e sim pragmático".

Ele acrescentou que a comunidade internacional enfrenta um número sem precedentes de temas mundiais complexos e que é crucial que todos ajudem a enfrentá-los, incluindo as 24 milhões de pessoas que moram em Taiwan.

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