Os Estados Unidos realizaram uma série de ataques aéreos para apoiar os esforços do Exército afegão de repelir uma ofensiva do Talibã, disse o Pentágono nesta quinta-feira (22), quando a retirada das forças internacionais do país está quase completa.
"Nos últimos dias, agimos por meio de ataques aéreos para apoiar a ANDSF", disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, referindo-se às forças do governo afegão.
"Continuamos (…) realizando ataques aéreos em apoio à ANDSF", afirmou a repórteres em coletiva de imprensa, acrescentando que o chefe do Comando Central do Exército dos Estados Unidos (Centcom), o general Kenneth McKenzie, havia autorizado o ataque.
Kirby disse que não poderia fornecer mais detalhes sobre os ataques aéreos, mas reiterou a declaração de ontem do secretário de Defesa, Lloyd Austin, de que os Estados Unidos continuam "comprometidos em ajudar as forças de segurança afegãs e o governo afegão".
O poder aéreo americano fornece às forças afegãs uma vantagem tática contra o Talibã, que muitos temem que seja corroída pela retirada das tropas internacionais.
Na quarta-feira, o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o general Mark Milley, reconheceu que o regime talibã agora controla cerca de metade dos 400 distritos do Afeganistão, mas acrescentou que não tomou nenhuma das principais cidades.
Ele acrescentou que a retirada dos EUA, que terminará em 31 de agosto, está 95% concluída.
Com avanço do Taliban, Exército afegão revisa estratégia de guerra para limitar perdas
Em recuperação após uma série de derrotas no campo de batalha, as Forças Armadas do Afeganistão irão revisar sua estratégia de guerra contra o Taliban para concentrar suas forças em torno das áreas mais críticas como Cabul e outras cidades, fronteiras e infraestrutura vital, afirmaram autoridades afegãs e norte-americanas.
A estratégia arriscada politicamente irá inevitavelmente ceder território para os insurgentes do Taliban. Mas autoridades dizem que isso parece ser uma necessidade militar, enquanto as sobrecarregadas tropas afegãs tentam evitar a perda de capitais de províncias, o que pode fragmentar profundamente o país.
A consolidação das forças, que tem sido reconhecida publicamente mas não havia sido reportada com detalhes antes, coincide com a retirada das tropas norte-americanas antes do término formal da missão militar no próximo dia 31 de agosto, após ordens do presidente norte-americano, Joe Biden. Insurgentes do Taliban estão tomando o controle de porções cada vez maiores de territórios, incluindo centros distritais do Afegnistão.
O Taliban também pressiona as periferias de metade das capitais de províncias, tentando isolá-las. Avaliações de inteligência dos EUA alertam que o governo afegão pode cair em até seis meses, disseram autoridades norte-americanas à Reuters.
Uma autoridade afegã, falando em condição de anonimato, disse que a "reorientação" das tropas ajudaria Cabul a manter territórios estratégicos e a defender sua infraestrutura, inclusive uma represa que foi construída com a ajuda da Índia e importantes rodovias. Mas a consolidação das tropas também significa deixar outras áreas sem proteção, uma medida difícil de ser defendida para as comunidades e grupos étnicos que se sentem abandonados ao Taliban.