O governo do presidente do Barack Obama aceitou nesta sexta-feira a responsabilidade por inadvertidamente matar até 116 civis em ataques em países onde os Estados Unidos não estão em guerra, um importante anúncio que deve intensificar o debate sobre assassinatos seletivos e o uso de drones.
O objetivo de Obama com a divulgação dos números, que são maiores do que qualquer um previamente reconhecido pelo seu governo mas muito menores que as estimativas privadas, é dar uma transparência maior sobre o que os militares norte-americanos e a CIA estão fazendo para combater militantes que conspiram contra os EUA.
Os dados, contudo, que cobrem ataques desde o dia que Obama assumiu o poder em janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2015, estão abaixo das estimativas, mesmo as mais conservadoras, de organizações não-governamentais que por anos contabilizaram os ataques norte-americanos em países como Paquistão, Iêmen e Somália.
"Os números anunciados pela Casa Branca hoje simplesmente não batem, e nós estamos decepcionados com isso”, afirmou Federico Borello, diretor-executivo do Centro para Civis em Conflitos.
Os defensores dos drones (aeronaves não tripuladas), incluindo aqueles dentro das forças norte-americanas, afirmam que os ataques são uma parte essencial da redução da capacidade de grupos militantes para planejar ações contra os EUA. Eles dizem que o governo faz todo o possível para evitar a morte de civis.
Críticos do programa de assassinatos seletivos questionam se os ataques não criam mais militantes do que os que são mortos. Eles citam o alastramento de organizações jihadistas e de ataques por todo o mundo como uma evidência de que os assassinatos seletivos podem estar agravando o problema.
"Nós ainda estamos diante da questão básica: o número de caras maus que são tirados de ação pelos ataques de drones é maior ou menor do que o número de pessoas que são inspiradas para se engajar em atos violentos?”, declarou Paul Pillar, ex-especialista da CIA no Oriente Médio e agora professor da Universidade Georgetown.
Ataque aéreo mata dois comandantes militares do Estado Islâmico, diz Pentágono
Um ataque aéreo da coalizão liderada pelos Estados Unidos matou o vice-ministro da guerra e um comandante militar do Estado Islâmico em Mosul no dia 25 de junho, disse uma autoridade do Pentágono nesta sexta-feira.
"A morte deles, juntamente com ataques contra outros líderes do Isil no mês passado, degradaram criticamente a liderança experiente do Isil em Mosul e retiraram dois de seus membros militares mais graduados do norte do Iraque", disse o porta-voz do Pentágono Peter Cook em um comunicado, usando uma sigla para o grupo radical que também é conhecido como Isis e Daesh.
O ataque perto de Mosul matou Basim Muhammad Ahmad Sultan al-Bajari, vice-ministro da guerra, que supervisionou a captura de grupos militantes de Mosul em 2014, afirmou Cook.
O outro integrante do Estado Islâmico morto no ataque era Hatim Talib al-Hamduni, um comandante militar em Mossul, de acordo com o porta-voz do Pentágono.
Em junho, os militares do Iraque reivindicaram vitória em uma ofensiva apoiada pelos EUA contra forças do Estado Islâmico em Falluja e definiram suas metas em uma ofensiva contra os jihadistas que detêm Mosul, a segunda maior cidade do Iraque