A principal negociadora dos Estados Unidos para a crise entre a Ucrânia e a Rússia, Wendy Sherman, apresentou nesta terça-feira (11) à OTAN detalhes do diálogo que manteve com seu colega russo um dia antes, enquanto o governo de Kiev elogiou a "unidade ocidental" e pediu uma cúpula internacional.
Sherman, subsecretária americana de Estado, e o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, mantiveram, na segunda-feira (10), uma conversa de sete horas em Genebra para tentar acalmar a tensão na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.
Nesta terça, Sherman chegou a Bruxelas para conversar com os aliados da OTAN. A aliança militar transatlântica se prepara para participar na quarta-feira (12) de uma reunião do conselho OTAN-Rússia em Bruxelas.
Na quinta-feira (13), as partes irão para Viena, onde participarão de uma reunião do conselho permanente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). A reunião de Sherman e Riabkov em Genebra foi uma tentativa de reduzir as tensões na fronteira.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, sugeriu a convocação de uma cúpula sobre o assunto, com a participação da França e Alemanha.
A Casa Branca alertou que é "muito cedo para dizer se os russos… estão dispostos a negociar seriamente". A Rússia pode "usar essas negociações como pretexto de que a diplomacia não funciona" e continuar com suas ações "agressivas", disse a secretária de imprensa Jen Psaki a jornalistas a bordo do avião que levava o presidente Joe Biden ao estado da Geórgia (sul).
"O relacionamento da OTAN com a Ucrânia diz respeito apenas à Ucrânia e aos trinta aliados da OTAN", acrescentou. Já a Ucrânia celebrou a "unidade" de suas posições com as dos países ocidentais diante dos "ultimatos" russos.
"As negociações de Genebra demonstraram que nossa força repousa na unidade e coerência de nossas posições diante dos ultimatos russos", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia por telefone a seu colega americano, Antony Blinken, segundo um comunicado da chancelaria em Kiev.
Informar a OTAN
Sherman se reuniu em Bruxelas com o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, e embaixadores da aliança para apresentar detalhes das discussões.
Em uma mensagem no Twitter, Sherman disse que "os Estados Unidos estão comprometidos em trabalhar em conjunto com nossos aliados e parceiros para pedir a redução da escalada e responder à crise de segurança causada pela Rússia".
Em outro tuíte, Sherman garantiu ao governo de Kiev que os aliados "não tomarão decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia". Russos e americanos concordaram em manter o diálogo, embora sem sinais concretos de progresso em Genebra.
Na quarta, os embaixadores dos 30 países da OTAN se reunirão com representantes russos na sede da aliança. A Rússia será representada pelo vice-chanceler Alexander Grushko, que expressou sua convicção de que o encontro será um "momento da verdade" para as relações entre o país e a aliança transatlântica.
"Nossas expectativas são completamente realistas e esperamos que esta seja uma conversa séria e profunda", disse Grushko em Moscou. De qualquer forma, o governo ucraniano reconheceu os "esforços" da Rússia e dos países ocidentais para reduzir as tensões.
"Só podemos elogiar as intenções e os esforços dos Estados Unidos, da Rússia e da OTAN para acalmar as tensões e resolver todas as questões comuns na mesa de negociações", disse o porta-voz Sergey Nikiforov.
Tensão na fronteira
Desde que as tensões aumentaram depois que a Rússia concentrou forças militares ao longo da fronteira com a Ucrânia, as autoridades europeias reclamaram que Washington assumiu a liderança nas negociações e que o bloco não quer ser excluído de um processo de tomada de decisão.
A Rússia não aceita que a Ucrânia se junte à OTAN (um passo que poderia levar a aliança transatlântica às portas de Moscou), mas os países ocidentais apontam que o governo russo não pode ter voz nessa decisão. Para os países europeus, a questão da adesão à OTAN é assunto de países soberanos, enquanto a aliança mantém sua política de portas abertas.
A Rússia apresentou sua lista de exigências para reduzir as tensões e os Estados Unidos transmitiram a Moscou os efeitos drásticos que uma ação militar russa na Ucrânia provocaria. Sherman destacou que a Rússia não ofereceu garantias de que não invadiria a Ucrânia, nem deu explicações para a concentração de 100 mil soldados ao longo da fronteira com o país.
Para a funcionária americana, algumas demandas russas não são aceitáveis, como a proibição contínua da OTAN de se expandir para os países do leste da Europa.