Os Estados Unidos removeram as restrições de décadas ao contato oficial com Taiwan, anunciou no sábado (9) o secretário de Estado, Mike Pompeo, em um comunicado.
Pompeo afirmou que "restrições internas complexas" que regulam os contatos de diplomatas, membros das forças armadas e outros com Taiwan haviam sido impostas "na tentativa de apaziguar o regime comunista de Pequim", mas "não mais".
A declaração, que veio nas últimas duas semanas do governo Donald Trump, certamente enfurecerá a China, que vê Taiwan como uma província rebelde e tem trabalhado para isolar a ilha do resto do mundo.
Taiwan foi o refúgio dos nacionalistas chineses que foram derrotados pelas forças comunistas em 1949.
O embaixador de Taiwan nos Estados Unidos, Hsiao Bi-khim, saudou esta decisão. "É o fim de décadas de discriminação", disse ele no Twitter.
"É um grande dia para o nosso relacionamento bilateral", acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, também saudou o levantamento das restrições que "limitaram inutilmente" as relações bilaterais.
"A estreita parceria entre Taiwan e os Estados Unidos repousa solidamente em nossos valores e interesses comuns e na fé inabalável na liberdade e na democracia", considerou.
A decisão dos Estados Unidos é tomada nas últimas semanas do governo de Donald Trump e em um momento de tensão entre Pequim e Washington e Taipei.
O significado da medida na prática não está claro, embora Pompeo tenha dito que todas as comunicações do Executivo com a ilha serão feitas por meio do Instituto Americano de Taiwan (AIT), de propriedade de Washington e que funciona como uma embaixada de fato.
O presidente Donald Trump enviou vários funcionários para Taipei no último ano, inclusive em momentos de confronto com a China em várias questões, desde a pandemia de covid-19 até disputas comerciais, de segurança e direitos humanos.
Há dois dias, o governo chinês alertou os Estados Unidos sobre um "alto preço" a pagar se prosseguirem com os planos de enviar sua embaixadora nas Nações Unidas, Kelly Craft, à ilha na próxima semana.
Pequim se opõe a qualquer reconhecimento diplomático de Taiwan.
A visita de três dias de Craft está planejada para uma semana antes da posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos. Aumentará, portanto, a tesão diplomática a ser enfrentada pelo novo presidente.
"Instamos veementemente os Estados Unidos a parar com essa provocação insana, a parar de criar novas dificuldades para as relações China-EUA… e a interromper sua marcha no caminho errado", disse Pequim.
Uma declaração emitida em Washington indica que a visita de Craft "reforçará o forte e contínuo apoio do governo dos Estados Unidos ao espaço internacional de Taiwan".
Os Estados Unidos reconheceram a soberania da China em Taiwan em 1979 sob a presidência de Jimmy Carter (1977-1981), mas ao mesmo tempo criaram a AIT e mantiveram uma forte aliança com a ilha.
O governo é forçado pelo Congresso a vender armas de autodefesa e se opõe a qualquer uso da força pela China.
Aeronaves militares chinesas fizeram 380 missões no espaço aéreo taiwanês em 2020, um recorde.