O relatório “Avaliação Anual de Ameaças da Comunidade de Inteligência dos EUA” divulgado pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos afirma que a próxima Estação Espacial Chinesa representa uma ameaça à segurança nacional. De acordo com documento, a China pretende lançar uma estação espacial em órbita baixa da Terra a fim de “obter os benefícios militares, econômicos e de prestígio que Washington acumulou com a liderança espacial”.
“[O Exército de Libertação do Povo] continuará a integrar serviços espaciais – como reconhecimento e posicionamento por satélite, navegação e cronometragem (PNT) – e comunicações por satélite em suas armas e sistemas de comando e controle para minar a vantagem de informação do exército dos EUA”, acrescenta o relatório.
O desenvolvimento de espaçonaves que podem interceptar e capturar satélites dos EUA e/ou lasers baseados na Terra que podem interrompê-los também foi citado no documento: “Pequim continua a treinar seus elementos espaciais militares e a colocar em campo novas armas antissatélites terrestres e espaciais destrutivas e não destrutivas (ASAT).
A China já lançou mísseis ASAT baseados em terra destinados a destruir satélites em LEO (Low-Earth Orbit – órbita baixa da Terra) e lasers ASAT baseados em terra provavelmente destinados a cegar ou danificar sensores ópticos baseados no espaço sensíveis em satélites LEO”.
Em fevereiro, pesquisadores do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais divulgaram um relatório intitulado “Defesa Contra as Artes das Trevas no Espaço: Protegendo Sistemas Espaciais de Armas Contra-espaciais”. O documento detalha as contra-medidas que os EUA podem tomar para se defender contra armas anti-satélite.
Primeiro módulo da Estação Espacial Chinesa foi lançado com sucesso
A China lançou com sucesso na madrugada o dia 29 de abril deste ano o Tianhe-1, primeiro módulo de sua futura estação espacial. Um foguete Longa Marcha 5B decolou do centro espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, para colocar em órbita o “núcleo” da estação, que tem 16,6 metros de comprimento e 4,2 metros de diâmetro.
Serão necessárias 11 missões para concluir a construção da estação até 2022, incluindo quatro missões tripuladas, quatro missões de carga e o lançamento de três módulos. Quando completada a estação, batizada de Tiangong, terá vida útil de 10 anos, que poderá ser estendida a até 15 anos com upgrades futuros.
A primeira missão tripulada acontecerá em junho deste ano, enviando três “taikonautas” (o termo chinês para seus astronautas) que ficarão a bordo por três meses, durante os quais serão realizadas tarefas de manutenção e teste dos sistemas de suporte de vida. Além de Tianhe-1, a estação receberá outros dois módulos, que quando conectados lhe darão a forma de um T: são eles o Wentian (busca pelos céus) e Mengtian (sonhando com os céus). Wentian e Tianhe tem braços robóticos para manipulação de componentes externos, e Mengtian tem uma câmara de descompressão para acesso ao exterior da estação. Ilustração da Tiangong, destacando cada um dos módulos que a compõem.
A Tiangong será bem menor que a Estação Espacial Internacional (ISS), com um quarto de sua massa. “Não temos a intenção de competir com a ISS em termos de escala”, disse Gu Yidong, cientista-chefe do programa espacial chinês. O objetivo da estrutura do gigante asiático é suprir as necessidades científicas do país.
A estação terá espaço reservado para experimentos internacionais em microgravidade. Seis projetos já foram aprovados, incluindo um estudo sobre os efeitos da microgravidade em tumores cancerígenos, que será conduzido por pesquisadores da Noruega, Holanda, Bélgica e França.
Esta será a terceira estação espacial chinesa. A Tiangong-1 foi lançada em setembro de 2011 e ocupada por duas tripulações de três taikonautas cada nas missões Shenzou 9 (junho de 2012) e Shenzou 10 (junho de 2013). A estação reentrou nossa atmosfera em abril de 2018.
A maioria de seus componentes queimou na rentrada, e o restante caiu no Oceano Pacífico. Já a Tiangong-2 foi lançada em setembro de 2016 e projetada para sustentar dois taikonautas numa missão de até 30 dias, o que aconteceu durante a missão Shenzou 11. A estação foi deorbitada em julho de 2019, e queimou na reentrada sobre o Oceano Pacífico.