Em meio à tensão entre a Turquia e diversos países da União Europeia, após o cancelamento de comícios políticosem solo europeu, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta segunda-feira (13/03) a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, de apoiar terroristas. "Merkel, por que você está escondendo terroristas no seu país? Por que você não faz nada?", questionou Erdogan, durante uma entrevista à emissora de televisão A-Haber.
Ele acusou Berlim de não ter respondido a 4,5 mil documentos enviados por Ancara sobre suspeitos de terrorismo e de não tomar medidas contra a guerrilha curda PKK. "Merkel, você apoia terroristas", destacou Erdogan, alegando que a Alemanha esconde militantes curdos e suspeitos de terem participado da tentativa de golpe fracassada na Turquia, que ocorreu no dia 15 julho do ano passado.
Erdogan acusou ainda a "televisão estatal" alemã de apoiar organizações terroristas e fazer propaganda contra o referendo constitucional para decidir se o presidente turco deve receber mais poderes, como a capacidade de governar por decreto.
Em resposta às acusações de Erdogan, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que as declarações são absurdas. "A chanceler federal não tem intenção de entrar num jogo de provocações. Ela não participará disso", acrescentou Seibert.
Diversos comícios de ministros turcos em cidades alemãs foram cancelados desde o início de março. As autoridades locais justificaram as medidas alegando preocupação com a segurança dos eventos.
Os cancelamentos ocorreram depois da prisão do jornalista teuto-turco Deniz Yücel, na Turquia, acusado de incitação ao ódio e de fazer propaganda para o PKK. Além da Alemanha, Holanda, Áustria e Suíça também cancelaram eventos semelhantes.
Turquia suspende relações diplomáticas com a Holanda
Em meio a uma disputa que começou com a proibição de comícios políticos turcos na Holanda, a Turquia decidiu nesta segunda-feira (13/03) suspender as relações diplomáticas com o país europeu.
A Turquia anunciou que negará a permissão de aterrissagem de futuros voos diplomáticos holandeses, impedindo desta maneira o retorno a Ancara do embaixador da Holanda, que está de férias, e suspendeu todas as reuniões políticas de alto escalão previstas. "Foi decidido que até que as nossas exigências sejam respeitadas, o embaixador da Holanda não será autorizado a regressar", disse o vice-primeiro-ministro turco e porta-voz do governo, Numan Kurtulmus, à imprensa, no final de uma reunião do governo.
Ele afirmou que a decisão se limita as visitas e voos oficiais que queiram usar espaço aéreo turco e não afeta os cidadãos comuns. "Em segundo lugar, até que a Holanda ofereça uma compensação pelo que fez, decidimos suspender e adiar todas as relações de alto nível previstas, assim como as reuniões de ministros e superiores", acrescentou.
As medidas do Executivo em Ancara visam forçar a Holanda a se desculpar pelo tratamento dado à ministra da Família e Assuntos Sociais turca, Fatma Betül Sayan. No sábado, ela foi retida em Roterdã, onde tentou fazer um comício, e depois enviada à Alemanha.
O governo do presidente Recep Tayyip Erdogan comparou a decisão dos holandeses a práticas nazistas. "Esta crise não é de responsabilidade da Turquia e nem a desejamos", garantiu Kurtulmus, que prometeu "agir de forma responsável, mas firme, e tendo especial cuidado para não afetar o povo holandês".
O governo holandês proibiu os comícios, que fariam propaganda a favor do referendo constitucional para decidir se o presidente turco deve receber mais poderes, como a capacidade de governar por decreto, alegando que os eventos poderiam trazer "riscos para a ordem pública e a segurança". A decisão deu início a uma queda de braço entre os dois países.