Paul Carsten
A China mostrou na semana passada a governos e às maiores empresas de tecnologia do mundo sua visão para governança global de Internet — limpa, controlada e coreografada.
Autoridades públicas e empresas, somando 2,5 trilhões de dólares em valor de mercado, da Apple ao Facebook, experimentaram em primeira mão na cidade chinesa de Wuzhen a exibição chinesa de sua primeira "Conferência Mundial sobre Internet" (WIC, na sigla em inglês).
"Aqui está cheio de turistas, que são perfeitamente ordeiros", disse o chefe de Internet e diretor do Escritório Estatal de Informações de Internet da China, Lu Wei, na cerimônia de abertura. "O ciberespaço também deve ser livre e aberto, com regras a seguir e sempre de acordo com o estado de direito".
Muitos dos presentes viram a realização da cúpula na China como uma evolução. Para os céticos, no entanto, o ambiente controlado da cúpula reforçou os receios da indústria de que a retórica de Pequim sobre uma Internet "livre e aberta" soa vazia, com a mão de ferro do governo sobre a indústria online intacta.
Em uma cúpula realizada por líderes do governo, nada foi deixado ao acaso e repórteres não podiam fazer perguntas diretamente em vários eventos, uma prática comum em conferências setoriais na China.
Os líderes chineses falaram sobre uma Internet que deve ser livre e aberta –e controlada em seus próprios termos.
Uma influência maior sobre a Internet global também poderia ajudar Pequim a promover seus interesses de política econômica, conforme as empresas chinesas online privadas que estão sob suas regras fazem mais investimentos no exterior.
"A China quer participar mais da governança da Internet e também em um certo sentido quer defender o modelo chinês de regulação da Internet, incluindo controle e censura da Internet", disse o professor assistente do Centro de Estudos de Mídia e Jornalismo da Universidade de Hong Kong, Fu King-Wa.