Dois barcos de patrulha russos foram atingidos por drones ucranianos e afundaram nesta segunda-feira (2), perto da Ilha da Cobra, no Mar Negro, segundo o Ministério da Defesa ucraniano, que também divulgou imagens aéreas em preto e branco que mostram a explosão de uma embarcação militar.
"Dois barcos russos Raptor foram destruídos ao amanhecer perto da Ilha da Cobra", informou o ministério ucraniano da Defesa em um comunicado publicado nas redes sociais. Os barcos de patrulha Raptor podem transportar três tripulantes e 20 pessoas.
Eles geralmente estão equipados com metralhadoras e são usados em operações de reconhecimento ou desembarque. Segundo o comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhniy, no ataque foram usados os drones militares Bayraktars, de fabricação turca.
A pequena Ilha da Cobra se tornou um símbolo da resistência ucraniana depois que um grupo de guardas de fronteira do país rejeitou o ultimato de rendição apresentado pelo navio russo "Moskva".
O "Moskva", navio símbolo da frota russa no Mar Negro, afundou em abril. Kiev afirmou que a embarcação foi atingida por mísseis ucranianos e Moscou informou que o acidente foi provocado por uma explosão a bordo.
Retirada de Mariupol é adiada
O Conselho Municipal de Mariupol declarou, nesta segunda (2), que os civis que seriam retirados de ônibus da cidade ainda não estavam dentro do veículo, contrariamente a declarações dadas pela manhã. As autoridades não explicaram as razões do imprevisto e pediram aos moradores da cidade que voltassem a seus abrigos.
Petro Andriouchtchenko, assessor do prefeito de Mariupol, anunciou algumas horas mais cedo na TV que um comboio de ônibus retirando civis pôde deixar a cidade na segunda-feira de manhã, no sudeste da Ucrânia.
Pouco mais de cem pessoas foram retiradas no fim de semana da grande siderúrgica de Azovstal, o último reduto de resistência ucraniana nesta área da região do Donbass, que está praticamente sob controle total da Rússia.
Dois blindados da ONU e outros veículos de ONGs internacionais, assim como jornalistas, aguardavam os moradores de Mariupol em Zaporizhzhia, cidade que fica a uma distância de 200 quilômetros ao noroeste e ainda sob controle ucraniano, onde há um centro para abrigar os refugiados.
As operações de retirada, que começaram no sábado em coordenação entre Ucrânia, Rússia e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), permitiram, pela primeira vez em dois meses de cerco à cidade, retirar mais de 100 civis que estavam entrincheirados com os combatentes no subsolo da enorme siderúrgica de Azovstal, segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
A usina siderúrgica está cercada desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
"Pela primeira vez desde o início da guerra começou a funcionar este corredor humanitário vital (…) Foram dois dias de verdadeiro cessar-fogo no território do complexo siderúrgico", disse. A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, declarou que "centenas de civis permanecem bloqueados". A nova operação de retirada estava programada para a manhã de segunda-feira, mas até meio-dia os ônibus não haviam chegado ao ponto de encontro.
Nove de maio
Moscou se concentra nas regiões sul e leste do país, em particular no Donbass, que inclui Donetsk e Lugansk, depois de fracassar na tentativa de tomar a capital Kiev nas primeiras semanas de guerra.
Lyman, um centro ferroviário, pode ser a próxima cidade a cair nas mãos do exército russo após a retirada das forças ucranianas. As tropas russas parecem avançar rapidamente ao redor da localidade. "Os russos tentam tomar o controle para preparar o ataque a Severodonetsk", uma das principais cidades do Donbass ainda controladas por Kiev, afirmaram autoridades ucranianas.
A Rússia tenta consolidar sua presença nas áreas sob seu controle. No domingo o rublo, a moeda russa, começou a circular na região de Kherson, em um primeiro momento em paralelo à grivnia ucraniana. "A partir de 1º de maio entraremos na zona do rublo", declarou Kirill Stremousov, administrador civil e militar de Kherson, citado pela agência estatal russa RIA Novosti.
Com a proximidade do 9 de maio, data em que a Rússia celebra com grande pompa a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, o governador da região de Lugansk disse que espera "uma intensificação dos bombardeios". Oficialmente, no entanto, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, descarta a ideia de ajustar o calendário bélico à comemoração. "Nossos militares não ajustarão artificialmente suas ações a nenhuma data."
Macron pede evacuação de Mariupol, e Putin diz que Ocidente deve parar de enviar armas a Kiev
O presidente francês, Emmanuel Macron, teve uma longa conversa telefônica com o líder russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira (3). O representante de Paris pediu que o complexo metalúrgico de Azovsal possa ser evacuado. Mas Putin se mostrou inflexível e disse que os países ocidentais devem parar de fornecer armas para Kiev.
Durante mais de 2 horas Macron tentou convencer Putin a aceitar a retirada das pessoas que permanecem na usina de Azovstal, último reduto da resistência ucraniana na cidade portuária do sul de Donbass, região totalmente controlada por forças russas.
O presidente francês disse que essa retirada deve ser efetuada "de forma coordenada com os serviços humanitários e possibilitando que as pessoas escolham para onde querem ir, como manda o direito internacional humanitário".
A conversa aconteceu no momento em que o exército russo lançava mais uma ofensiva contra a usina. Essa foi a primeira discussão telefônica entre os dois chefes de Estado desde 29 de março e a descoberta do massacre de Bucha, episódio duramente criticado pelo presidente francês e boa parte da comunidade internacional. Macron também conversou com telefone no sábado (1°) com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Macron “exprimiu novamente sua profunda preocupação com Mariupol e a situação no Donbass”, informou o Palácio do Eliseu. Segundo Paris, o presidente insistiu novamente na necessidade de um cessar-fogo e se disse disposto a “atuar por uma solução negociada visando permitir a paz e o respeito da soberania e da integridade territorial da Ucrânia".
Já o presidente russo disse que “o Ocidente poderia ajudar a parar com essas atrocidades exercendo uma influência apropriada sobre as autoridades de Kiev”. Putin disse ainda que os países ocidentais deveriam parar de fornecer armas para a Ucrânia, que ele acusa de “cometer crimes de guerra” que a União Europeia estaria “ignorando”.
Durante sua conversa com Zelensky no sábado, Macron, havia anunciado que pretende reforçar o envio de material militar e de ajuda humanitária para os ucranianos. As relações entre Moscou e Paris estão tensas desde o início da ofensiva russa. Mas a França está à frente da presidência rotativa da União Europeia e, desde o início do conflito, Macron vem tentando encontrar uma saída para a crise, sem muito sucesso.
(Com informações da AFP)