As Ilhas Falklands (Malvinas, para os argentinos) vão erguer uma estátua da antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que defendeu o território contra a invasão argentina em 1982, anunciou nesta quinta-feira (18/12) o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.
Na sua mensagem de Natal aos 3 mil residentes do arquipélago no Atlântico Sul, Cameron anunciou que a estátua será inaugurada em 2015. Thatcher era a líder britânica quando a junta militar que à época estava no poder na Argentina invadiu esse território britânico, cuja soberania é reclamada também por Buenos Aires.
No início da década de 1980, a "Dama de Ferro" enviou uma missão britânica para defender o território, o que acabou por conseguir ao fim de uma guerra que se prolongou por dois meses e que aumentou a sua popularidade no Reino Unido.
As Ilhas Falkland são território britânico desde 1833, mas os argentinos afirmam que se trata de um território argentino que está ocupado. Na capital da ilha, Stanley, há uma rua com o nome de Margaret Thatcher.
A Invasão Argentina
No dia 2 de abril de 1982, soldados argentinos dominaram a pequena guarnição britânica nas Malvinas. Era a tentativa do regime militar de desviar a atenção da população da grave crise econômica e unir a nação por meio de um ato patriótico. Inicialmente, os generais pareciam ter atingido os objetivos militar e político – os sindicatos chegaram a suspender uma greve geral contra a Junta Militar.
Argentina subestimou a determinação de Thatcher
Em Londres, governava Margaret Thatcher, mais tarde conhecida como "dama de ferro" do Partido Conservador. Um dia após a invasão da Argentina, ela não deixou dúvidas na Câmara Baixa do Parlamento britânico de que estava disposta a reconquistar as ilhas. A Argentina subestimou a determinação de Thatcher, que contava com amplo apoio da população e até dos partidos da oposição.
O então líder do Partido Trabalhista inglês, Michael Foot – tradicionalmente um pacifista –, defendeu a intervenção armada para retomar o arquipélago com o seguinte argumento: "As garantias dadas pelo exército invasor valem tanto quanto as garantias oferecidas pela mesma Junta Militar aos seus próprios concidadãos. Não se deve esquecer que milhares de argentinos que lutaram por seus direitos políticos foram presos e torturados".
Raramente o Reino Unido foi tão unido como naqueles dias de abril de 1982. As ações militares britânicas começaram em clima de festa, três dias após a invasão, com a mobilização da Marinha e da Aviação. A superioridade militar inglesa foi imbatível em todos os terrenos da guerra naval, aérea e terrestre.
Os generais argentinos também se enganaram quanto às reações internacionais. Por exemplo, a neutralidade passiva de vizinhos latino-americanos, como o Chile e o Brasil. O golpe mais duro para o governo em Buenos Aires foi, porém, o apoio diplomático e militar dos Estados Unidos ao Reino Unido. O serviço de inteligência militar norte-americano manteve as tropas britânicas informadas das ações militares argentinas.
Diplomaticamente isolada e militarmente em desvantagem, a Argentina capitulou, depois de dois meses e meio de conflito, no dia 14 de junho de 1982. O fim da guerra representou não só uma derrota nos campos de batalha como também o início do desmantelamento do regime militar argentino. Margaret Thatcher, que antes da guerra era uma das mais rejeitadas líderes de governo da história britânica, foi festejada como heroína.
A Vitória nas Malvinas reforça a "Dama de Ferro"
Ao iniciar seu mandato, em 1979, ela prometeu que os conservadores iriam diminuir o imposto de renda, reduzir gastos públicos, facilitar a compra de imóveis por parte da população e tirar poder dos sindicatos. Com o tempo, ela cultivou a fama de "Dama de Ferro".
Thatcher reforçou ainda mais essa reputação ao responder de forma firme à invasão argentina da Ilhas Malvinas, em 1982. Com envio de uma poderosa força tarefa naval, e as ilhas retomadas, facilitou o sucesso dos conservadores nas eleições de 1983.
Margaret Thatcher tinha uma relação especial com o presidente americano Ronald Reagan. Na ocasião da morte do colega, ela o descreveu como um grande americano que "venceu a Guerra Fria".