A reconstrução das Forças Armadas alemãs após o fim do regime nazista começou em 1955-56, após a adesão da República Federal da Alemanha à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Desde a Segunda Guerra, o envolvimento militar alemão em conflitos foi, quase sempre, limitado.
1955-1989: Ajuda humanitária e autodefesa
O primeiro envolvimento das Forças Armadas no exterior ocorreu no Marrocos, em 1960. Na ocasião, a Força Aérea levou suprimentos de emergência a Agadir, onde um forte terremoto havia custado a vida de milhares de pessoas. O episódio foi seguido por novas missões humanitárias em países como Irã e Itália.
Devido à Guerra Fria, as Forças Armadas receberam cada vez mais investimentos. No entanto, o objetivo era apenas capacitar os militares a defenderem si próprios ou os aliados. Outras operações armadas não estavam previstas então.
1990: Guerra do Golfo
Após o final da Guerra Fria e a Reunificação alemã, os aliados esperavam maior engajamento militar da Alemanha, sobretudo fora das fronteiras da Otan. As Forças Armadas não deveriam mais ser só um Exército de autodefesa, mas também participarem ativamente de missões militares internacionais.
Durante a Guerra do Golfo (1990-91), aumentaram os apelos pelo envio de soldados alemães à zona de conflito. Os militares participaram, mas não intervieram diretamente na guerra. Navios e aviões de guerra se colocaram à disposição para “proteger" a Turquia, parceira da Otan, algo que o governo considerou “ajuda humanitária”.
1992-1994: Camboja, Somália e Ruanda
Novas missões foram organizadas na sequência. Depois do fim da guerra civil no Camboja, entre 1992 e 1993, cerca de 150 enfermeiros militares participaram de uma missão de pacificação organizada pela ONU. Foi a primeira vez que um contingente militar alemão “de dimensões significativas foi enviado a uma missão no estrangeiro” após a Segunda Guerra. Cerca de 2.500 soldados atuaram na Somália entre 1993 e 1994 para apoio logístico. Em Ruanda, as Forças Armadas estabeleceram em 1994 uma ponte aérea para abastecer os refugiados.
1992 – 1995: Guerra da Bósnia
A partir de 1992, na Guerra da Bósnia, a Alemanha participou de diversas missões internacionais, como “Sharp Guard” e “Deny Flight”, para monitorar os embargos comerciais e de armas contra a então República da Iugoslávia, assim como a proibição de tráfico aéreo sobre a Bósnia.
Foi a primeira missão armada do Exército alemão no exterior depois da Segunda Guerra Mundial. Aos olhos dos militares, isso marcou o início de uma nova era. O engajamento militar gerou um debate inflamado. No dia 12 de julho de 1994, o Tribunal Federal Constitucional determinou que a Alemanha poderia se envolver militarmente em operações da ONU e da Otan desde que houvesse a aprovação do Parlamento.
1999: Guerra do Kosovo
Alguns anos depois, a participação dos militares na operação da Otan no Kosovo provocou ainda mais polêmica. O objetivo da missão era proteger os kosovares das tropas iugoslavas do presidente Slobodan Milosevic. A Otan executou ataques aéreos, e as Forças Armadas alemãs cederam 14 aviões de combate.
Pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, soldados alemães participaram ativamente em operações de combate – em uma guerra controversa, segundo as leis internacionais, e sem um mandato da ONU.
Críticos apontaram a ação da Otan como uma guerra de agressão inconstitucional, uma evidente contradição da máxima uma vez formulada por Willy Brandt: “Nunca mais guerra a partir de solo alemão." A coalizão do governo chamou então a missão de “intervenção humanitária”.
2001: Guerra contra o terror
Após o 11 de Setembro, a Otan apelou pela primeira vez na história à cláusula 5 de seu tratado, que diz que um ataque contra um de seus membros será considerado um ataque a todos. Com a aprovação do Parlamento, a Alemanha entrou então na guerra contra o terror, ao enviar tropas para o Afeganistão.
Sob a liderança da Otan, os alemães integraram a Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf), que deveria atuar nos trabalhos de construção do país depois da guerra. O acalorado debate sobre a missão levou o então chanceler federal Gerhard Schröder a passar por um voto de confiança no Parlamento, do qual escapou por pouco.
O governo alemão justificou a ação argumentando que um Afeganistão seguro, que não servisse mais como refúgio para terroristas, significaria ainda mais segurança para a Alemanha.
Atualmente, cerca de 1.800 soldados alemães estão estacionados no Afeganistão – 54 morreram desde o início da missão da Isaf. A missão vai até o fim de 2014.
2014: Armas para o Iraque
No momento, discute-se o plano de fornecimento de armas ao Exército iraquiano e aos curdos. O governo federal alega ser necessário apoiar a luta contra os extremistas do "Estado Islâmico" (EI). A oposição critica o governo federal por tomar a decisão unilateralmente e não submeter a discussão ao Parlamento.