Para conter a COVID-19, a China é considerada modelo por adotar medidas rígidas e conseguir rastrear casos de novas variantes do coronavírus SARS-CoV-2. Nas últimas semanas, a chegada da variante Delta (B.1.671.2), descoberta pela primeira vez na índia, levou o país a testar, novamente, milhões de pessoas para a doença. No entanto, essas medidas podem levar ao isolamento da potência asiática, segundo especialistas.
Diferente das potências ocidentais, como os Estados Unidos, que estão buscando maneiras de conviver com o coronavírus, os planos da China focam na completa eliminação do agente infeccioso. É um plano de zero tolerância contra a COVID-19. Até o momento, a doença está muito mias controlada lá do que na maioria dos países, mas a questão é entender até quando será possível adotar essa postura.
Por exemplo, na última sexta-feira (6), a China registrou um total de 141 novos casos da COVID-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse valor representa cerca de 0,01% das novas infecções relatadas nos EUA, no mesmo período. Vale explicar que esse controle só é possível com medidas rígidas do governo, como lockdowns nas regiões com casos identificados, restrições de viagens tanto nacionais quanto internacionais e testes em massa em todo o país.
China isolada?
Especialistas entrevistados pelo Bloomberg alertam para os valores dessas operações, já que esses custos são econômicos, mas também políticos. “A China terá que mudar sua estratégia de contenção, mais cedo ou mais tarde — você pode manter o 'COVID Zero' por um tempo, mas não pode viver o plano para sempre, porque o vírus aparece antes que você perceba”, pontuou Chen Zhengming, professor de epidemiologia da Universidade de Oxford.
“Minha preocupação é que eles não busquem ativamente uma mudança de tática, pois o COVID Zero se tornou uma mentalidade arraigada”, reforçou Zhengming. Em outras palavras, o professor acredita que seja necessário aprender a conviver com o coronavírus. Por outro lado, ainda não está claro se esta escolha chinesa é realmente mais onerosa para o governo do que os elevados custos de saúde pública com o descontrole da transmissão.
Sobre a tolerância zero contra a COVID-19, Zhang Zhiwei, economista da Pinpoint Asset Management, defendeu que, mesmo que ela seja confortável para os cidadãos internamente, "o custo é que a China permanecerá isolada", já que novos bloqueios poderão causar transtornos para a dinâmica do mercado chinês.
“A política de tolerância zero é cara para o crescimento econômico”, reforçou o economista. Vale lembrar que a China não é o único país que busca extinguir o coronavírus.
A Austrália e a Nova Zelândia também seguem essa mesma estratégia, apelidada de COVID Zero. Os próximos meses serão fundamentais para entender as perspectivas do controle da pandemia.