A Coreia do Norte gerou estimados 2 bilhões de dólares para seus programas de armas de destruição em massa se utilizando de ataques virtuais “amplos e de sofisticação cada vez maior” para roubar de bancos e corretoras de criptomoedas, de acordo com um relatório confidencial da ONU visto pela Reuters nesta segunda-feira.
O governo de Pyongyang também “continuou a aprimorar seus programas nuclear e de mísseis embora não tenha conduzido um teste nuclear ou lançamento de Míssil Balístico Intercontinental”, dizia o documento dirigido ao comitê de sanções para a Coreia do Norte do Conselho de Segurança da ONU, composto por especialistas independentes que monitoram o cumprimento das medidas nos últimos seis meses.
A missão norte-coreana na ONU não respondeu a um pedido de comentários sobre o relatório, que foi submetido ao comitê do Conselho de Segurança na semana passada. Os especialistas disseram que a Coreia do Norte “utilizou o ciberespaço para lançar ataques cada vez mais sofisticados para roubar fundos de instituições financeiros e corretoras de criptomoedas para gerar receitas”.
A internet também foi utilizada para lavar o dinheiro roubado, dizia o documento. “Os ciber-agentes da República Democrática Popular da Coreia, muitos deles operando sob a direção do Gabinete de Reconhecimento Geral, levantam dinheiro para seus programas de armas de destruição em massa, chegando a dois bilhões de dólares americanos”, dizia o relatório.
A Coreia do Norte é formalmente conhecida por República Democrática Popular da Coreia. O Gabinete de Reconhecimento Geral é uma importante agência de inteligência militar norte-coreana.
Coreia do Norte lança mísseis e ameaça fazer EUA e Coreia do Sul "pagar um preço alto"
A Coreia do Norte lançou mísseis no mar de seu litoral leste pela quarta vez em menos de duas semanas, disse a Coreia do Sul nesta terça-feira, e o governo norte-coreano alertou que os atos hostis contra o país “chegaram à linha de perigo”.
Com críticas aos exercícios entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul e ao uso de armas de alta tecnologia, Pyongyang disparou uma série de mísseis e foguetes desde que seu líder, Kim Jong Un, e o presidente dos EUA, Donald Trump, concordaram em destravar as conversas sobre desnuclearização durante uma reunião de 30 de junho.
A Coreia do Norte disse que está comprometida com a diplomacia e que esperará até o final do ano para os EUA amenizarem sua política de sanções e de pressão política em reação às armas nucleares e aos programas de mísseis balísticos de Pyongyang.
Mas se EUA e Coreia do Sul ignorarem os diversos alertas da Coreia do Norte, “nós os faremos pagar um preço alto”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano em um comunicado divulgado através da agência estatal de notícias KCNA.
Trump minimizou os testes, dizendo que não violam nenhum acordo que ele tem com Kim, mas as conversas ainda não foram retomadas. Analistas acreditam que os testes foram concebidos tanto para melhorar as habilidades militares norte-coreanas quanto para pressionar os EUA a fazer mais concessões.
“Parte do que está acontecendo agora é que a Coreia do Norte está expressando frustrações com uma falta de progresso em geral na agenda intercoreana e ao mesmo tempo aumentando a pressão nas negociações EUA-Coreia do Norte ao demonstrar como seus programas podem e continuarão a avançar”, disse Jenny Town, editora-gerente do 38 North, site que monitora a Coreia do Norte.
O Estado-Maior da Coreia do Sul (JCS) disse que o que pareceram ser dois mísseis balísticos de alcance curto foram disparados dos arredores de Kwail, na costa oeste norte-coreana, cerca de 125 quilômetros a sudoeste de Pyongyang, na província de Hwanghae do Sul, na manhã desta terça-feira. Foi a quarta série de lançamentos desde 25 de julho.
Os mísseis voaram cerca de 450 quilômetros e chegaram à altitude de 37 quilômetros, disse o JCS. Agências de inteligência dos EUA e da Coreia do Sul acreditam que eles têm características de voo semelhantes às dos mísseis balísticos de alcance curto lançados pela Coreia do Norte em 25 de julho, disse o organismo.
Os testes representam avanços militares e ajudam Kim a reforçar seu poder de barganha com os EUA, disse Van Jackson, ex-funcionário do Pentágono com foco na Coreia.