O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu mais um aviso à Coreia do Norte nesta sexta-feira, afirmando que as armas norte-americanas estão prontas e carregadas, enquanto Pyongyang o acusou de levar a península coreana à beira de uma guerra nuclear.
Trump continuou a guerra verbal no Twitter logo depois que a agência de notícias estatal da Coreia do Norte, a KCNA, divulgou um comunicado culpando o líder norte-americano pela escalada nas tensões entre os dois países.
"Trump está levando a situação na península coreana à beira de uma guerra nuclear, fazendo clamores como 'os EUA não descartarão uma guerra contra a Coreia do Norte'", disse a KCNA.
Trump, que está em seu resort de golfe em Bedminster, Nova Jersey, descreveu a prontidão das forças militares norte-americanas em termos inflexíveis.
"Soluções militares agora estão totalmente preparadas, guardadas e carregadas, caso a Coreia do Norte aja imprudentemente", disse Trump em mensagem no Twitter. "Com sorte, Kim Jong Un encontrará outro caminho."
O presidente dos Estados Unidos manteve a pressão contra a Coreia do Norte um dia depois de ameaçar enfrentar Pyongyang com "fogo e fúria", caso o governo norte-coreano realizar um ataque pode não ter sido forte o suficiente.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Mattis, tentou minimizar as palavras duras de Trump na quinta-feira dizendo a repórteres que os Estados Unidos ainda preferem uma abordagem diplomática à ameaça norte-coreana. Uma guerra seria "catastrófica", disse.
Perguntado se os EUA estão prontos caso a Coreia do Norte cometa um ato hostil, ele disse: "Nós estamos prontos."
Chanceler russo Lavrov diz que riscos de conflito entre EUA e Coreia do Norte são altos
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta sexta-feira que os riscos de um conflito militar causado pelo programa nuclear da Coreia do Norte são muito altos, e que Moscou está profundamente preocupado com as ameaças de ataques trocadas entre Washington e Pyongyang.
"O lado mais forte e inteligente" deveria dar o primeiro passo para desarmar essa crise, disse Lavrov, falando ao vivo na TV estatal, em um fórum para estudantes russos.
Ele encorajou Pyongyang e Washington a participar de um plano conjunto russo-chinês, sob o qual a Coreia do Norte congelaria seus testes de mísseis e os Estados Unidos e a Coreia do Sul suspenderiam seus exercícios militares em larga escala.
China ficará neutra se Coreia do Norte atacar EUA primeiro, diz jornal estatal Global Times
A China ficará neutra se a Coreia do Norte lançar um ataque que ameace os Estados Unidos, disse um jornal estatal chinês nesta sexta-feira, alertando Pyongyang a respeito de seus planos de disparar mísseis perto de Guam, território norte-americano no oceano Pacífico.
Os comentários foram publicados no influente Global Times depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, intensificar a retórica contra a Coreia do Norte na quinta-feira dizendo que sua ameaça anterior de desencadear "fogo e fúria" contra Pyongyang caso esta inicie um ataque pode não ter sido o bastante.
Os mercados de ações asiáticos voltaram a sofrer quedas nesta sexta-feira, e as ações europeias parecem a caminho de sua pior semana neste ano por causa das tensões sobre a Coreia do Norte.
"Esta situação está começando a se transformar no momento 'crise dos mísseis de Cuba' desta geração", disse o economista-chefe para a Ásia da ING, Robert Carnell, em uma nota a clientes.
"Enquanto o presidente dos EUA insistir em agravar a guerra de palavras, é cada vez menor a chance de qualquer solução diplomática".
A China, aliada e parceira comercial mais importante da Coreia do Norte, reiterou os pedidos de calma durante a crise atual. Pequim já expressou frustração tanto com os testes nucleares e de mísseis de Pyongyang quanto com o comportamento da Coreia do Sul e dos EUA, como exercícios militares, que acredita elevarem as tensões.
"A China também deveria deixar claro que, se a Coreia do Norte lançar mísseis que ameacem o solo dos EUA primeiro e os EUA retaliarem, a China permanecerá neutra", disse o Global Times, que é amplamente lido, mas não representa as políticas governamentais, em um editorial.
"Se os EUA e a Coreia do Sul realizarem ataques e tentarem depor o regime norte-coreano e mudar o padrão político da Península Coreana, a China os impedirá de fazê-lo", afirmou.
O Ministério das Relações Exteriores chinês reiterou seu clamor para todas as partes se pronunciarem e agirem cautelosamente e fazerem mais para amenizar a situação, ao invés de seguirem o "velho caminho" das demonstrações de força mútua e elevar a tensão continuamente.
Na quinta-feira a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA disse que o Exército do país finalizará em meados de agosto os planos para disparar quatro mísseis de alcance intermediário sobre o Japão para caírem perto de Guam.