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Conflito armado matou 220 mil em 54 anos na Colômbia, diz relatório

Durante os últimos 54 anos, o conflito armado da Colômbia deixou ao menos 220 mil mortos, sendo que oito em cada dez vítimas fatais eram civis, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pela entidade Grupo de Memória Histórica após seis anos de pesquisa.

"É uma guerra que deixou em luto a maior parte do território nacional, que rompeu todas as regras humanitárias para além dos objetivos sociais ou políticos que múltiplos grupos possam esgrimir", disse o diretor da entidade, Gonzalo Sánchez, ao entregar o relatório ao presidente do país, Juan Manuel Santos.

Embora as guerrilhas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN) tenham surgido em 1964, a pesquisa abrange um período iniciado seis anos antes, para incluir a violência política que antecedeu a formação dos grupos rebeldes esquerdistas.

A pesquisa contabilizou 177.307 civis mortos até 2012 e 40.787 combatentes das guerrilhas, das Forças Armadas e dos esquadrões paramilitares de ultradireita que surgiram na década de 1980 para combater os rebeldes, com o apoio de narcotraficantes e de alguns militares.

Segundo o documento, todas as partes envolvidas, incluindo as forças do Estado, cometeram crimes de guerra e crimes contra a humanidade, com diferentes intensidades. O estudo diz que o auge da violência ocorreu entre 1985 e 2002, e que os paramilitares cometeram o maior número de homicídios, enquanto os guerrilheiros realizaram mais sequestros e ataques contra a infraestrutura econômica.

O volume com mais de 400 páginas, contendo depoimentos de vítimas e fotos de alguns dos incidentes mais violentos, dá conta de 1.982 massacres entre 1980 e 2012, com 11.751 mortos; de 27.023 sequestros de 1970 a 2010; de mais de 5,7 milhões de refugiados internos desde 1985; e de 1.754 casos de violência sexual entre 1985 e 2012.

Santos disse que o relatório é um passo na direção de reconhecer a realidade do conflito. "Todos merecemos conhecer a verdade, todos merecemos entender o que aconteceu em nossos campos e nossas cidades, só assim podemos dizer com força e esperança que já chega. Só numa Colômbia sem medo e com verdade poderemos começar a virar página", disse Santos, que mantém desde o ano passado uma negociação de paz com as Farc .

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