Por Ben Blanchard e Chris Buckley
com Tom Miles e Benjamin Kang Lim em Pequim
PEQUIM (Reuters) – A China anunciou nesta quinta-feira que deve ampliar em 7,5 por cento seu orçamento militar em 2010, uma desaceleração que deixou os observadores céticos, após a elevação nas tensões do país com os EUA.
Há mais de duas décadas o orçamento militar chinês vinha crescendo a uma taxa anual na casa dos dois dígitos, e muitos analistas acham que a nova cifra foi camuflada.
"Tudo indica que eles estão numa trajetória muito poderosa de expansão em termos substanciais, e parecem usar essa cifra quase para propósitos políticos, para passar recados", disse Ron Huisken, especialista em defesa chinesa na Universidade Nacional Australiana, em Canberra.
Nos últimos meses, China e EUA tiveram atritos por causa de direitos humanos, censura na Internet, repressão no Tibet e venda de armas de Washington a Taiwan.
Li Zhaoxing, porta-voz do Parlamento chinês, disse que o orçamento militar deve chegar neste ano a 532,1 bilhões de yuans (77,95 bilhões de dólares), ou 37,1 bilhões de yuans a mais do que o gasto efetivo em 2009.
Em entrevista coletiva na véspera da sessão anual do Congresso Nacional do Povo, Li disse a jornalistas que o orçamento do Exército mostra que a China não busca o confronto.
O país tem o maior contingente militar do mundo, 2,3 milhões de soldados, mas tem buscando reduzir esse número e melhorar a qualidade das tropas, oferecendo mais benefícios aos alistados.
Ikuo Kayahara, general japonês da reserva e professor de estudos da segurança na Universidade Takushoku, disse que os militares chineses provavelmente ficarão "insatisfeitos" com a expansão mais tímida das verbas.
"O mundo tem criticado a China por aumentar seu orçamento de defesa em mais de 10 por cento todos os anos. A China pode estar reagindo a isso ao tentar mostrar que não está focada só em ampliar suas Forças Armadas."
No ano passado, o orçamento militar chinês foi de 480,7 bilhões de yuans (70,4 bilhões de dólares), alta de 14,9 por cento em relação a 2008. Segundo Li, o gasto efetivo ficou em 495 bilhões de yuans, aparentemente refletindo uma arrecadação pública superior ao previsto.
O governo dos EUA solicitou para o ano fiscal de 2001 um orçamento militar de 708 bilhões de dólares. A China costuma alegar que seu gasto com defesa é pífio em comparação ao do seu maior rival.