A China alertou, nesta sexta-feira (4), que "tomará as medidas necessárias" para defender suas empresas e acusou Washington de "violar as leis do mercado", depois que o presidente Joe Biden ampliou a lista de empresas que não podem receber investimentos americanos.
O presidente dos Estados Unidos alterou, na quinta-feira (3), um decreto de seu antecessor, Donald Trump, para incluir empresas chinesas ligadas a tecnologias de vigilância que poderiam ser usadas na China contra a minoria muçulmana uigur e contra dissidentes e também no resto do mundo.
"Este decreto autoriza os Estados Unidos a proibir – de maneira seletiva e circunscrita – investimentos americanos em empresas chinesas que violem a segurança ou os valores democráticos dos Estados Unidos e de nossos aliados", explicou a Casa Branca em um comunicado.
A lista afeta empresas ligadas à tecnologia de vigilância chinesa usada para "facilitar a repressão ou graves abusos dos direitos humanos", apontou o comunicado, claramente aludindo aos uigures.
A lista inicial foi estabelecida pelo governo Trump em 12 de novembro e incluía 31 empresas, vistas como fornecedoras ou apoiadoras do complexo militar e de segurança chinês.
Após a ampliação de Biden, passa a ter 59 empresas.
Os americanos – indivíduos e empresas – com participações e outros interesses financeiros nessas empresas devem renunciá-los antes de 2 de agosto.
A lista inclui grandes grupos de vários setores, como a fabricante de telefones Huawei, a petrolífera CNOOC, a China Railway Construction, China Mobile, China Telecom e até a empresa de videovigilância Hikvision.
O governo Biden indicou que deseja "consolidar e fortalecer" o decreto assinado por Donald Trump "para proibir os investimentos americanos no complexo militar-industrial da República Popular da China".
Da mesma forma, a medida visa "garantir que os investimentos americanos não apoiem as empresas chinesas que ameaçam a segurança ou os valores dos Estados Unidos e de nossos aliados", disse a Casa Branca.
Ofensiva e consenso
Sem surpresa, Pequim reagiu com irritação.
Questionado em entrevista coletiva, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, considerou que as medidas "violam as leis do mercado" e "prejudicam não apenas os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas, mas também os interesses de investidores globais, incluindo investidores americanos".
"A China tomará as medidas necessárias para defender vigorosamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas", alertou.
Desde que chegou à Casa Branca, o democrata Joe Biden tem sido inflexível sobre a China. É uma das poucas questões em que sua política segue a linha de Trump, que lançou uma verdadeira ofensiva contra Pequim.
O assunto levanta consenso no Capitólio dos Estados Unidos. Os senadores republicanos Tom Cotton e Marco Rubio, junto com os democratas Gary Peters e Mark Kelly, divulgaram uma carta bipartidária esta semana exigindo que o governo estabeleça uma nova lista.
"O governo dos Estados Unidos deve continuar a agir com coragem para bloquear a depredação econômica do Partido Comunista Chinês contra nossa base industrial", observaram.
Durante o mandato de Trump, o conflito comercial levou a tarifas recíprocas adicionais sobre muitos produtos, o que teve um impacto na economia global.
Mas Pequim e Washington assinaram uma trégua em janeiro de 2020, pouco antes de o mundo ser paralisado pela pandemia da covid-19.