O ministro das Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno, reiterou em 9 de dezembro a disposição do país de negociar com a Bolívia sua demanda para obter uma saída para o mar, mas advertiu que as conversações deverão respeitar o tratado de 1904, que pôs fim à guerra que os confrontou no final do século XIX.
“Acreditamos que o caminho é o do diálogo e estamos dizendo isto desde o princípio”, disse o ministro durante uma entrevista à Televisão Nacional do Chile.
No entanto, o Chile não está disposto a modificar o tratado que pôs fim à guerra que travou contra Peru e Bolívia entre 1879 e 1883, onde tanto Lima como La Paz perderam territórios, e a Bolívia sofreu ainda a perda de sua saída para o Oceano Pacífico.
“Temos um tratado desde 1904 que determina o que são Chile e Bolívia hoje em dia. Esse tratado não deve ser revisado, porque isto implica revisar o que é o Chile hoje”, declarou Moreno.
“Sabemos que há coisas que podemos fazer em conjunto, e isto é o que vínhamos fazendo até que, por alguma razão, o presidente Evo Morales fez seu discurso em 23 de março”, acrescentou.
Morales anunciou, em março do ano passado, que seu país levará Santiago do Chile a um tribunal internacional com a histórica disputa, provavelmente ao tribunal de Haia, e em 5 de dezembro garantiu que a demanda “está avançadíssima, quase concluída”.
O governante chileno, por sua vez, insistiu que o “Chile tem total disposição para negociar com a Bolívia as questões de interesse mútuo”.
“Podemos avançar em todos esses temas e temos muito a nos beneficiar, mas isto depende do governo boliviano”, acrescentou Moreno.
Chile e Bolívia romperam relações diplomáticas em 1978 devido a diferenças na negociação por uma saída marítima para a Bolívia que, até o momento, conseguiu utilizar alguns portos chilenos com certas vantagens, mas sem obter a soberania, como pretende.