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Chavismo corre risco de implosão, alerta dissidente venezuelano

Alexandra Ulmer

O movimento socialista concebido pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez corre o risco de implodir se a corrupção, a ineficiência e a crise econômica não forem domadas, afirmou uma facção dissidente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

“O processo revolucionário está em perigo, está desmoronando”, alertou Gonzalo Gómez Freire, líder da Maré Socialista, grupo pequeno, mas articulado, de intelectuais esquerdistas críticos do governo do atual mandatário, Nicolás Maduro.

Chávez escolheu Maduro a dedo como seu sucessor antes de morrer de câncer em março de 2013, e Maduro venceu a eleição presidencial do mês seguinte.

Mas agora ele sofre intensa pressão por causa da economia em recessão, da escassez de bens de primeira necessidade e de remédios, da inflação anual acima de 60 por cento e da alta criminalidade.

Maduro não tem o carisma de Chávez, e sua taxa de aprovação caiu para cerca de 35 por cento.

A Maré Socialista repreende o governo Maduro incessantemente pelo enriquecimento dos funcionários do alto escalão, a centralização das decisões e o que define como abandono da pureza revolucionária.

“O que temos agora é uma deterioração… é o pior momento do chavismo”, afirmou Gómez em uma entrevista à Reuters nesta semana em um imponente hotel controlado pelo Estado no centro de Caracas.

A Maré Socialista não deixa de ser um nicho no PSUV e não representa uma ameaça real a Maduro, mas suas críticas estão chamando bastante atenção na volátil era pós-Chávez, e analistas dizem que o grupo pode ser um catalizador de futuros rompimentos. O temor de divisões dentro da irregular coalizão chavista, que vai de chefes militares a ideólogos radicais, parece estar impedindo Maduro de implementar reformas econômicas cruciais, mas politicamente arriscadas.

Enquanto alguns dentro do PSUV postulam, por exemplo, um controle mais frouxo da moeda para ajudar o empresariado local ou aumentar o preço da gasolina, a mais barata do mundo, para reforçar o caixa do Estado, outros grupos, como a Maré Socialista, creem que tais medidas seriam uma traição ao legado de Chávez.

Gómez afirma que a Maré Socialista não acompanha o número de filiações, mas que tem recebido uma grande quantidade de telefonemas e e-mails de chavistas descontentes com a corrupção e a burocracia.

O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, declarou que a Maré Socialista não é mais parte do PSUV, embora o grupo não tenha sido formalmente expulso.

Gómez alertou que a Maré Socialista pode se abster de apoiar candidatos do PSUV nas eleições legislativas de 2015. O grupo é muito pequeno e desagregado para apresentar candidatos próprios, e por isso tenta atrair um número cada vez maior de venezuelanos desiludidos com o chavismo, mas repudia o que ainda considera uma oposição desconectada da realidade e ensimesmada.

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