A Fundação Memorial da América Latina e o Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (CEIRI) – uma pioneira empresa de consultoria no campo geopolítico – apresentam o curso “Análise de Conjuntura da Política Haitiana”.
O Haiti tornou-se independente em 1801, expulsando os franceses e espanhóis da ilha Hispaniola. Mas os espanhós reocuparam a parte oeste da ilha em 1814. O libertador Simón Bolívar se abrigou no Haiti, em 1815, após fracassar sua primeira tentativa de libertar a América do Sul. Nesse país, para organizar nova expedição libertadora, recebeu do governo haitiano armas, soldados e dinheiro, com a condição que abolisse a escravidão nas terras que libertasse. Bolívar cumpriu o acordo. Juntaram-se a ele voluntários de procedências e nacionalidades diferentes. O brasileiro José Inácio Abreu e Lima, por exemplo, exilado nos EUA, se apresentou a Bolívar em 1819. O Haiti está, portanto, ligado à nascente América Latina independente.
Como se sabe, o Brasil desemprenha papel proeminente no Haiti desde 2004, comandando a força de paz da ONU. Após o terremoto de 2010, a ajuda brasileira foi significativa. O processo político interno haitiano e o esforço internacional de reconstrução do país levou à eleições gerais neste ano. Em 20 de março o cantor popular e ator Michel Martelly ganhou a eleição para presidente. Ao que tudo indica, o Haiti caminha para a normalização. Sobre isso vão discorrer alguns dos próprios sujeitos da história haitiana contemporânea, como Daniel Supplice, Conselheiro Político do Presidente Haitiano Michel Martelly (palestra em inglês), que falará sobre “A Plataforma Política do Novo Presidente Haitiano Michel Martelly”, e o Senador Youri Latortue, que abordará o tema “As Recomendações do Senado Haitiano para a Reconstrução do País”. Embora as línguas oficiais de seu país sejam o francês e o créole, as palestras das autoridades haitianas falarão em inglês, para alcançarem uma plateia maior.
Esse curso “Análise de Conjuntura da Política Haitiana” visa apresentar, do ponto de vista dos tomadores de decisão do Haiti e de especialistas brasileiros, uma análise da conjuntura política haitiana atual. Serão consideradas as políticas interna e externa na reconstrução do país, bem como as estratégias do Estado, do empresariado e da sociedade civil para esse fim. As 4 aulas expositivas sobre questões práticas e teóricas por certo vão exercitar a construção de cenários que vão interessar todos que estudam o tema das relações internacionais na contemporaneidade. O curso faz parte das atividades de fomento à pesquisa, e de divulgação do conhecimento sobre a região americana, do Centro Brasileiro Estudos da América Latina, deste Memorial.
O Haiti foi o segundo país a conquistar a independência nas Américas (o primeiro foi os Estados Unidos). No início do século XIX, a população escrava se rebelou, expulsou ou matou todos os brancos, principalmente franceses e espanhóis, e proclamou um império. Para defender-se dos europeus, construíram um sistema de defesa notável, que inclui a maior fortaleza do hemisfério ocidental, conhecida por La Cidadelle (foto abaixo). Em 1822, tropas haitianas invadiram a parte espanhola da ilha. Era uma tentativa de unificar a Hispaniola sob uma única bandeira. Mas fracassou. Em 1844 surgia a República Dominicana.
O Haiti resistiu por décadas à tentativa das potências europeias de novamente submetê-lo, após o processo revolucionário de 1801. Por isso, enfrentou um bloqueio econômico que estrangulou sua economia. Desde então, a história do Haiti tem sido uma sucessão de crises políticas e econômicas. Um pouco dela é contada pelo escritor cubano Alejo Carpentier (1904 – 1980) no exuberante romance "O Reino deste Mundo", publicado no México em 1949. A instabilidade haitiana se prolongou pelo século 20 até que em 1964, no contexto da Guerra Fria, assume François Duvalier, o ditador Papa Doc, que foi sucedido pelo seu filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc. Essa ditadura – extremamente violenta – terminou em 1986, quando se inicia novo período de disputas políticas violentas até a eleição do padre adepto da Teologia da Libertação Jean-Bertrand Aristide. Esse por sua vez também foi vítima de um golpe militar, reconduzido ao poder anos depois pelo EUA para, depois de um processo eleitoral questionável, em 2000, ser novamente apeado do poder por parte do exército, que se revoltou no norte do país e veio marchando para a capital. Foi aí que entrou em ação os capacetes azuis da ONU. O Conselho de Segurança estabeleceu a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), sob comando do Brasil.
Por Eduardo Rascov
Veja a programação e as condições para participação abaixo:
Programação
Palestras do dia 19/09 (segunda-feira)
15h30 às 16h – Recepção
16h às 16h30 – Abertura
16h30 às 17h30 – A Plataforma Política do Novo Presidente Haitiano Michel Martelly
Daniel Supplice, Conselheiro Político do Presidente Haitiano Michel Martelly (Palestra ministrada em inglês)
18h às 19h – O Papel da Diplomacia Corporativa no Processo de Reconstrução do Haiti
Olivier Barrau, CEO na Alternative Insurance Company S.A.
Palestras do dia 21/09 (quarta-feira)
16h30 às 17h30 – Panorama Político. Entendendo o Cenário
Dr. Anthony Barbier, membro do Partido Fusion de los Socio Democratos do Haiti, Doutor em Sociologia pela Universidade de Montreal (Palestra ministrada em inglês)
18h00 às 19h00 – As Recomendações do Senado Haitiano para a Reconstrução do País
Senador Youri Latortue (Palestra ministrada em inglês)
Palestras do dia 23/09 (sexta-feira)
16h30 às 17h30 – Grandes Linhas para uma Política Externa do Haiti
Embaixador do Haiti no Brasil, Sr. Idalbert Pierre-Jean
18h00 às 19h00 – A Paradiplomacia como Mecanismo de Desenvolvimento para o Haiti
Prof. Ms. Jean Garry, analista do CEIRI no Haiti
Palestras de Encerramento 24/09 (sábado)
15h30 às 16h30 – Fundamentos para o Fortalecimento da Democracia
Dr. Marcelo Suano (CEIRI)
17h00 às 18h00 – Minustah: Liderança Militar Brasileira na Missão de Paz da ONU no Haiti
Palestrante: General Heleno. O General Heleno foi o primeiro comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH).
Serviço
Datas:19, 21, 23 e 24 de setembro de 2011 (segunda, quarta, sexta e sábado)
Total de aulas: 8 (carga horária: 8 horas-aula)
Horário: das 16h30 às 19h
Local: Anexo dos Congressistas/Memorial da América Latina
Inscrições: no valor de R$ 200,00 (taxa única).
Serão concedidos certificados aos alunos com presença igual ou superior a 75% da carga horária.
Para se inscrever acesse: http://jornal.ceiri.com.br/inscricao/
Informações:
e-mail para contato: cursos@ceiri.com.br
Telefone para contato: (11) 3048-4065
CBEAL: (11) 3823-4780
email: programacao@memorial.sp.gov.br