Eduardo Atem de Carvalho, PhD
Universidade Estadual do Norte Fluminense
Rogerio Atem de Carvalho, DSc
Instituto Federal Fluminense
Ontem, dia 12 de Setembro, foi divulgada na comunidade SAS do Facebook, mantida por David “Oggy” Ogden, interessante notícia citando o General Ian Wallace, vice-diretor de Armamentos para Defesa, ao afirmar que (sobre o atual SA80): ”O sistema simplesmente não era poderoso o suficiente para eliminar o inimigo. Com o novo sistema SLR-A2 você pode garantir que ele não falhará na sua missão”.
Quem acompanha o desempenho dos calibres empregados pelos exércitos ocidentais no Afeganistão e Iraque já deve ter ouvido falar da dificuldade do 5,56×45 mm em penetrar certos obstáculos e mesmo de ser capaz de engajar alvos a distâncias maiores que o tradicional 7,62×39 mm russo, empregado pelos adversários através do AK47 e suas variantes. Este assunto já foi coberto pelos autores em seu artigo de 08 de junho de 2016 [1], publicado aqui no DefesaNet.
Pelo lado norte-americano, a solução encontrada pelas Forças Especiais foi um combinado de uso dos antigos M-14 com o SCAR, ambos em 7,62x51mm. Enquanto o comando conjunto de todas as Forças Especiais americanas, o SOCOM, buscava alternativas mais eficientes que o 5,56x45mm. Hoje isto parece ter recaído a um único calibre, derivado do 6,8 SPC. Uma discussão mais detalhada sobre este assunto pode ser achada também em [1], bem como questões da combinação de ambos em determinados tipos de operação, quando se considera a necessidade de recobrimento [2].
A relação dos britânicos com o SA80 nunca foi boa, em alguns momentos relembrando a rejeição do M-16 pelas tropas americanas no Vietnam. Iain Harrison, editor da revista RECOIL [3] e ex-oficial do exército britânico comentou em suas colunas na revista que o SA80 não pode ser usado por canhotos como ele, porque a ejeção da cápsula vazia batia nos dentes do atirador. Além de seu calibre ser considerado anêmico (5,56x45mm) em relação aos velhos AK47. Pela reação dos leitores do perfil SAS nas redes sociais, cuja história pode ser revista em [4], ninguém sentirá falta do SA80.
O novo fuzil seria um upgrade do venerável FAL, ou SLR para os britânicos, com a coronha dobrável, ou seja, muito similar ao nosso Para-FAL. Agora com carregador de 30 cartuchos e trilhos tipo Picatinny para afixação dos acessórios hoje empregados pelas tropas. A configuração seria algo semelhante a disposta na Figura 1.
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Figura 1 – Nova configuração do PARA-FAL, que seria reintroduzido no exército britânico com diversas mudanças.
Será interessante observar qual será o impacto destas mudanças aqui no Brasil, uma vez que somos o último fabricante da linha FAL ainda em atividade no mundo. A IMBEL, que exporta peças e armas completas, está plenamente capacitada a produzir as modificações no PARA-FAL, incluindo trilhos, placas de proteção do guarda mão, ferrolho adequado a uso em deserto e mesmo adaptá-lo para um novo calibre.
Sabe-se ainda que o novo modelo do IA2 no calibre 7,62×51 mm, apresentado na Figura 2, já foi aprovado nos testes em Marambaia [5]. Novas munições se fazem necessárias, com vistas a reduzir o recuo e permitir regime de tiro controlado.
Ao que tudo indica, não apenas o famoso calibre “762”, como o FAL formam uma combinação que, com as devidas modernizações, tem atravessado décadas se mostrando eficiente em combate.
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Figura 2 – Novo fz IA2 7,62. Foto: EB.
Links para matérias
[3] https://www.recoilweb.com/
[4] https://www.theguardian.com/uk/2002/oct/10/military.jamesmeek
[5] https://www.imbel.gov.br/index.php/noticias-imbel/399
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Nota DefesaNet
Um ponto já mencionado pelos autores e que deve ser mencionado é a necessidade do "Stop Power" efetivo, frente às demandas compotenciaiss atentados terroristas.
Ver a matéria dos autores: Os calibres atuais e seus limites de emprego em Conflitos Assimétricos