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Brasil propõe à Argentina aliança para defesa cibernética

Janaína Figueiredo – Correspondente
 
BUENO AIRES – Em meio à crescente tensão gerada pelas atividades de espionagem do governo americano, que envolveram até a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras, o ministro da Defesa, Celso Amorim, desembarcou ontem em Buenos Aires com uma importante mensagem para o governo argentino: o Brasil considera fundamental iniciar um processo de cooperação em matéria de defesa cibernética com "seu principal parceiro estratégico". 
 
A defesa cibernética é, talvez, a mais importante área para a Defesa no século XXI. Cada vez se tornará mais difícil usar armas convencionais, é praticamente impossível, salvo casos isolados, o uso de outras armas de destruição de massas. As armas cibernéticas podem ser armas de destruição de massas, e nós temos de estar preparados para nos defender — disse Amorim, em conversa com correspondentes brasileiros na embaixada do Brasil, em Buenos Aires. 
 
O ministro, que veio acompanhado pelo diretor do Centro de Defesa Cibernética do Exército, general José Carlos dos Santos, assegurou que, nessa matéria, "é muito importante a cooperação com outros países da América do Sul, começando pela Argentina". 
 
Como será essa cooperação, ainda não sei, temos de evoluir, até porque nosso centro ainda é um pouco embrionário. Mas os passos iniciais devem ser rápidos, porque o mundo está mudando rapidamente — enfatizou Amorim, que foi recebido pela presidente Cristina Kirchner na residência oficial de Olivos. 
 
Hoje, o ministro conversará sobre esse e outros assuntos com seu colega de pasta argentino, Agustin Rossi (nomeado recentemente), e com o chanceler Héctor Timerman. 
 
Um dia depois de o ministro das Relações Exteriores, Luiz Figueiredo, ter se reunido com a chefe do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, em Washington, para intensificar a queixa do Brasil pelas atividades de espionagem do governo americano, Amorim referiu-se ao encontro: 
 
Não conheço o resultado das conversas do meu colega Figueiredo com a Susan Rice, mas um dos casos recentes (Amorim não quis mencionar especificamente a espionagem à Petrobras) ilustra como essa questão da cibernética está ligada aos recursos naturais… e nossa região é muito rica em recursos naturais, energia, petróleo, alimentos… — comentou o ministro. Para Amorim, o Brasil nunca será capaz de proteger seus recursos sem uma adequada defesa cibernética.
 
O risco não é só espionagem, é também de sabotagem… a guerra cibernética é a guerra do futuro, esperamos que não aconteça — frisou. 
 
Perguntado sobre novas medidas para reforçar a segurança na costa brasileira, o ministro lembrou que a região é "uma preocupação central da Defesa" mas não revelou mais detalhes. Amorim insistiu em deixar claro que "ninguém superará suas vulnerabilidades integralmente. Temos de entender a importância do assunto, trabalhar, mas saber que o Brasil é vulnerável, como também são os Estados Unidos".
 
— O que pudermos fazer em conjunto com outros países da América do Sul, principalmente com a Argentina, será bom — reforçou o ministro. 
 
A cooperação entre os países da região em matéria de defesa cibernética começou a ser discutida pelos presidentes do Mercosul na última cúpula do bloco, em julho passado, em Montevidéu, no Uruguai. 

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