Nota DefesaNet
Matéria republicada pois a de 21JUN continha erros de edição.
O Editor
ONU NEWS
Da Amazônia para a RD Congo, especialistas devem partilhar experiências com boinas-azuis em planejamento, táticas e técnicas operacionais; semestre de atividades será com grupo especial atuando onde ocorrem as maiores atrocidades.
O Brasil vai enviar peritos militares para treinar o primeiro grupo especial de boinas-azuis, que foi autorizado pela ONU a realizar operações ofensivas para "neutralizar e desarmar" grupos rebeldes na República Democrática do Congo, RD Congo.
As forças brasileiras serão enviadas da Amazônia para apoiar a chamada Brigada de Intervenção, que combate milícias que “ameaçam a autoridade do Estado e a segurança civil” em Beni, no leste. Nessa área congolesa, atua o grupo armado ADF que “comete as maiores atrocidades” no país onde existem 70 grupos armados em atividade.
General Brasileiro
As revelações foram feitas à ONU News, em Nova Iorque, na conversa exclusiva com o comandante das forças da Missão da ONU na RD Congo, Monusco. O general brasileiro Elias Rodrigues Martins Filho lidera mais de 15 mil militares, de 49 países.
“Estamos desdobrando, agora em julho, um grupo de especialistas brasileiros em operações na selva vindos diretamente da Amazônia, do nosso centro de operações na selva, para realizar durante seis meses atividades de treinamento junto a essa Brigada de Intervenção. (Essas atividades de treinamento) focarão, num primeiro momento, a parte de planeamento, mas também a parte de táticas e técnicas operacionais. Nós esperamos que, com isso, daremos um suporte maior à Brigada de Intervenção que é uma das brigadas que têm a missão mais difícil na área de operações.”
#Brasil enviará militares p/ treinar soldados @MONUSCO Comandante tropas, general Elias Martins Filho: especialistas militares brasileiros servindo na Amazônia irão treinar Brigada de Intervenção. https://t.co/DUDZoKiOkm@DefesaGovBr @exercitooficial @Brazil_UN_NY @jairbolsonaro pic.twitter.com/Fco2WL8YtW
— Nações Unidas (@NacoesUnidas) 21 de junho de 2019
A Brigada de Intervenção integra militares do Maláui, da Tanzânia e da África do Sul que combatem as hostilidades na região oriental congolesa.
“Esses militares, que estão sendo desdobrados para o Congo, todos eles, têm experiências reais vividas durante quatro, cinco e alguns durante 10 anos de experiência no interior da selva”
O general revelou ainda que condições florestais parecidas entre territórios congoleses e a região amazônica, no Brasil, são parte dos motivos que levaram a apostar em especialistas brasileiros para o sucesso dessa missão.
Treinamento
“Eles estão plenamente capacitados para, tanto a parte de formação com cursos, e outras, como na parte de experiências práticas que vêm realizando durante os comandos que exerceram no ambiente de selva, mas também nas diversas operações de que participaram. Nós acreditamos que este suporte à Brigada de Intervenção poderá contribuir, e muito, para eficiência da brigada no planejamento e na condução de operações ofensivas contra os grupos armados que atuam na área.”
Elias Rodrigues Martins Filho disse que os especialistas que serão enviados do Brasil se destacam operacionalmente para lidar com o tamanho da responsabilidade por enfrentar no segundo maior país africano.
“São selvas equatoriais com o mesmo clima, a mesma densidade, o mesmo tipo de árvores e etc. Então, as similitudes entre uma região e outra, nos ajudam bastante a fazer com que o nosso treinamento possa ser muito bem aproveitado nas operações que estão sendo realizadas no Congo. Esses militares que estão sendo desdobrados para o Congo, todos eles, têm experiências reais vividas na selva durante quatro, cinco e alguns até em 10 anos de experiência no interior da selva”.
Após as eleições de dezembro, o Conselho de Segurança recomendou uma revisão da estratégica da Monusco para permitir uma saída gradual, progressiva e abrangente das forças internacionais. Há várias décadas, a RD Congo enfrenta conflitos que causam instabilidade política e violações dos direitos humanos.
As forças internacionais que atuam no país também protegem os trabalhadores humanitários de atos hostis que acontecem em duas áreas afetadas pela crise de ebola. Nessas regiões, foram registrados ataques de grupos armados contra a população e centros especializados no tratamento da doença.
Militares das Forças Armadas brasileiras viajam neste sábado para missão de paz da ONU no Congo
Publicado Minisitério da Dfesa
Sexta, 21 de Junho de 2019
Brasília, 19/06/2019 – Treze militares das Forças Armadas brasileiras viajarão, neste sábado (22), para a República Democrática do Congo, a fim de participarem da MONUSCO (sigla em inglês), missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) naquela região. Os brasileiros foram chamados para aturem junto à Brigada de Intervenção (três batalhões composto por 3 mil militares da África do Sul, Tanzânia e Malaui), no combate aos grupos armados e às doenças tropicais.
Todos os militares passaram por cursos no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), organização militar do Exército Brasileiro. Eles fizeram exames físicos e médicos no Rio de Janeiro e receberam instruções sobre as regras da ONU no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB).
Missão pode ser prorrogada e até receber novo contingente
Para o Tenente-Coronel Adelmo de Sousa Carvalho Filho, que atualmente serve no Comando Militar do Norte, é uma oportunidade ímpar de o Brasil atuar na manutenção da paz na região. "Nosso maior objetivo é contribuir para o sucesso da missão. Queremos diminuir as atrocidades e mitigar o sofrimento do povo africano. Vamos tentar neutralizar os grupos armados", afirmou.
Não é a primeira vez que o oficial do Exército Brasileiro participa de missões de paz da ONU. Ele foi observador militar na Saara Ocidental e também trabalhou na Operação Acolhida. Agora, está na expectativa de representar bem o Brasil novamente. "Vou ser o chefe da equipe. Nossa missão deve ser de seis meses, mas pode ser prorrogada por mais seis meses. Pode ser que o Brasil envie até outro contingente. Trata-se de uma missão inédita da ONU", garantiu.
Já o Capitão-Tenente Fuzileiro Naval Raphael Baptista Mattos dos Anjos tem experiência em guerra na selva por ter servido durante quatro anos em Manaus. Ele também participou da Operação Acolhida, em Roraima, e foi escalado para Operações de Garantia da Lei e da Ordem, no Rio de Janeiro. Por isso, sente-se preparado para enfrentar a missão no Congo. "Vamos treinar a Brigada de Intervenção para combater os grupos armados e melhor proteger a população", explicou.
O militar da Marinha do Brasil ressaltou que a MONUSCO será importante para o progresso das Forças Armadas brasileiras. "É uma oportunidade única de fazer intercâmbio com outras Forças Armadas. Conhecer outras culturas e ambientes de selva que a gente só vê na televisão", destacou o militar que serve no Batalhão Tonelero, uma das organizações de tropas especiais da Força Naval.
Primeira missão da ONU
O Primeiro-Tenente Aramys Gonzaga Santos, da Força Aérea Brasileira, não vê a hora de participar da sua primeira missão de paz da ONU. "Espero que possa contribuir com a ONU. Acho que vou mais aprender do que ensinar alguma coisa. Sempre fui voluntário para esse tipo de trabalho. Tomara que seja só a primeira de outras missões", disse.
O Tenente Aramys serve atualmente na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga-SP, onde se formou em 2012. Após intensa preparação, sente que está próximo de realizar o sonho de representar o Brasil no exterior. "Minha esposa é sargento da FAB. Então, compreende perfeitamente o meu trabalho. Minha mãe está receosa, mas também apoiou a minha decisão", contou o militar da Aeronáutica.
Por Capitão-Tenente Fabrício Costa