FLÁVIA MARREIRO DE SÃO PAULO
O governo do Paraguai faz campanha para regularizar milhares de imigrantes ilegais, principalmente brasileiros, a menos de um mês do fim da vigência da "lei da anistia migratória", que facilitou os trâmites necessários.
Em 21 de janeiro expira a norma aprovada em 2010 para incentivar a legalização -estima-se que 300 mil brasileiros vivam no Paraguai, o maior grupo de migrantes.
Apesar da suspensão do país do Mercosul desde junho passado, o governo Federico Franco, que não é reconhecido por Dilma Rousseff, tem trabalhado com diplomatas brasileiros na questão, diz a diretora de Migrações do Paraguai, Irma Llano.
"Trabalhamos com os consulados brasileiros, com os grupos de brasileiros. Não houve problemas", diz Llano.
"O nosso governo é legítimo e legalmente constituído", segue a diretora.
O Mercosul suspendeu o Paraguai por considerar que o impeachment-relâmpago de do presidente Fernando Lugo em junho "rompeu a ordem democrática" no país.
De acordo com a assessoria do Itamaraty, o trabalho conjunto dos governos brasileiro e paraguaio no tema migratório segue o espírito da decisão do bloco: suspensão política sem paralisar projetos ou afetar a população.
TRABALHO ILEGAL
Llano, que assumiu o cargo em dezembro, anunciou também campanha específica para combater o trabalho ilegal de brasileiros em Ciudad del Leste, na fronteira entre os dois países.
Segundo ela, cerca 35 mil brasileiros cruzam a fronteira diariamente, a maioria para trabalhar ilegalmente. "Dentro do Paraguai essas pessoas podem ser exploradas de alguma forma, no trabalho ou sexualmente", diz. "Elas precisam se legalizar para ter os direitos e cumprir os deveres dos paraguaios."
A diretora afirma que trabalhadores ilegais poderão ser deportados, mas que o foco da campanha é incentivar a regularização.
O esforço visa também os brasiguaios da zona rural, muitos deles trabalhadores do campo ou produtores de soja. Segundo Llano, a cidadania é "mais uma garantia" da propriedade privada e do investimento feito no país.
O governo Franco se aproximou dos produtores brasiguaios, que se queixavam da política agrária de Lugo.