Júlio Ottoboni
Especial para DefesaNet
O polo aeroespacial de São José dos Campos pode se tornar a grande porta de entrada da Itália no Mercosul. A afirmação é do Vice-Ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Ivan Scalfarotto, esteve na quinta-feira (24) de novembro, no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Ele lidera uma comitiva de 60 empresários italianos, vários dos quais do setor aeroespacial.
A intenção da maior missão empresarial da história dos dois países é estabelecer futuras parcerias e acordos comerciais. Ele entende que São José pode ser uma porta de entrada da Itália para todos Mercosul. “Digo que absolutamente sim”. O encontro no parque foi marcado por apresentações institucionais e por muita sondagem empresarial.
“O Brasil é parte fundamental em vários setores da economia mundial e estamos aqui com 60 empresas, quatro bancos e várias universidades da Itália. Estamos aqui porque vemos mudanças na economia do Brasil e uma maior abertura para investimentos estrangeiros. O setor aeroespacial é um dos assuntos tratados entre os dois governos”, afirmou Scalfarotto.
A Missão Empresarial Brasil Itália 2016 está dividida em duas partes sendo a primeira em São José dos Campos, onde houve uma apresentação institucional e o inicio de discussões com as empresas do setor aeroespacial. Isto visa oportunidades nos programas espaciais internacionais e colaboração entre os países.
Para o vice-ministro as crises econômicas que afetam os dois países, apesar de terem características peculiares, criam possibilidades uma união de esforços para promover uma superação das dificuldades.
“Podemos ter nestes acordos e intercâmbios a solução para parte dos problemas, pois são dois grandes países. O Brasil é um país que tem uma presença italiana muito forte, temos aqui mais de mil empresas instaladas, que geram cerca de 130 mil empregos e 29 bilhões de Euros de faturamento anual”, salientou.
A relação comercial entre os dois países, principalmente no setor aeroespacial, já foi muito forte e a Itália quer hoje aumenta-la e acelerar esse processo. A Societá Italiana di Assicurare Credito (SACE) anunciou que disponibilizará 1,5 bilhão de Euros para investimentos de empresas de seu país no Brasil, que é foi um dos cinco escolhidos para o ingresso de recursos italianos.
Segundo o vice-ministro, os italianos são detentores de uma avançada tecnologia que pode vir a colaborar com os projetos brasileiros na área de infraestrutura e de energia limpa renovável, nas quais tem uma das melhores tecnologias disponíveis.
Os países com grande migração italiana, como Brasil, Argentina, Uruguai e Peru são vistos com potenciais parceiros e propensos em se abrir para novos investimentos. “ Principalmente Argentina e Brasil que estão mais abertos para isso ocorrer, em maio tivemos uma missão muito parecida com essa na Argentina. Em 2015 o governo da Itália já visitou Chile, Peru, Colômbia e Cuba.
“Temos muito interesse na região latino americana, é um mercado extremamente interessante e como perdemos um pouco de tempo no passado nesta aproximação, agora vamos recuperar isso. Embora tivéssemos tentado estar mais próximas, intensificando essas relações. Neste momento o Mercosul e a União Europeia tem a intenção de criar uma área de livre comércio, temos que elaborar um novo sistema de taxas que são muito altas para os produtos italianos. A Itália tem se posicionado para a desoneração e a aceleração deste acordo”, explicou Scalfarotto.
O vice-ministro disse que principalmente no Brasil a taxação de ingresso de produtos é muito alta e por isso uma pequena porção da população brasileira consegue ter acesso aos produtos italianos, esse acordo de livre câmbio pode deixar de penalizar esses produtos. “As propostas já estão feitas e a Itália resolveu assumir a dianteira desse processo. Em termos de acordos internacionais não podemos fazer previsão, mas estamos fazendo o possível para que isso ocorra o quanto antes”.
Donald Trump
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos pode causar uma aproximação da União Europeia e a América do Sul, em particular o Brasil. Isso é visto como uma real possibilidade.
“Sua posição expressa na campanha é protecionista diante do mercado norte americano, diferente do governo italiano que é pelo livre comércio, pela abertura do mercado. O livre comércio é ponto de prosperidade e pelo aumento de um maior câmbio comercial. Uma coisa é falar e outra fazer. A União Europeia fez um acordo com o Canadá. A competência desses acordos internacionais só pode ser fechados pela união, não se age de maneira isolada”,.
O Brasil tem para ofertar para a Itália, como os aviões da EMBRAER e a produção de satélites. “ Eu sou um grande usuário dos aviões da EMBRAER, eu moro em Milão e sempre voo pela Alitália para Roma, quase sempre estou voando na Itália pela Embraer. Tudo que se faz aqui nos interessa, inclusive a científica e da universidade, além do setor bancário. Queremos a validade das certificações universitárias e intercâmbio de professores. Nossa missão vai muito além do estritamente comercial”, reformou o vice-ministro.
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