O governo provisório da Bolívia indicou um embaixador para os Estados Unidos pela primeira vez em mais de uma década em meio a uma reformulação dos laços internacionais da nação sul-americana que deixou de lado os aliados tradicionais Venezuela e Cuba.
A política externa boliviana passa por uma guinada brusca sob a liderança da presidente conservadora interina, Jeanine Añez, uma senadora que assumiu o comando durante um vácuo de poder quando o presidente de esquerda Evo Morales renunciou sob pressão no início do mês.
Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores nomeou Walter Oscar Serrate Cuellar como embaixador para os EUA, a primeira ação do tipo desde 2008, quando as relações diplomáticas com Washington azedaram no governo Morales.
A indicação precisa ser aprovada pelo Congresso, onde o partido de Morales, Movimento Ao Socialismo (MAS), tem maioria. A Bolívia mergulhou no caos depois que a eleição presidencial de 20 de outubro foi envolta em polêmicas devido a alegações de que foi fraudada a favor de Morales, o que desencadeou protestos abrangentes contra ele.
Primeiro líder indígena do país, Morales, que estava no poder desde 2006, deixou o cargo em 10 de novembro porque os protestos se espalharam, uma auditoria internacional disse que a votação de outubro deveria ser anulada e as forças policiais e os militares deixaram de apoiá-lo.
Añez, que prometeu convocar novas eleições rapidamente e restaurar a paz no país dividido, rompeu abruptamente com as políticas de Morales, expulsando autoridades venezuelanas e se aproximando mais de aliados no Brasil e nos EUA.
Mas seu governo vem sendo assombrado por alegações de que as forças de segurança vêm usando força excessiva contra manifestantes pró-Morales, e grupos de direitos humanos pedem uma investigação internacional. Desde a eleição de outubro, 33 pessoas morreram em confrontos violentos, de acordo com o ombudsman oficial de direitos humanos da Bolívia, a grande maioria delas depois que Morales renunciou e na sequência buscou asilo no México.