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Atividades da NSA viram problema político interno para governo Obama

Por Geoff Dyer | Financial Times, de Washington 
 
O governo dos Estados Unidos está começando a focar a si próprio, à medida que continua a crescer a polêmica sobre a monitoração das comunicações de líderes estrangeiros aliados. 
 
A Casa Branca e o Congresso estão, ambos, realizando reavaliações distintas sobre a coleta de inteligência, inclusive sobre a possibilidade de continuar grampeando celulares de líderes estrangeiros de países amigos ou aliados. 
 
Ao mesmo tempo, pessoas vinculadas à comunidade de inteligência estão reagindo contra a ideia de que a Casa Branca não sabia que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) interceptou as comunicações de líderes estrangeiros. 
 
"Esse é o momento em que as pessoas estão mudando de basicamente defender a NSA para bater na NSA ", diz um ex-funcionário da agência. "A coisa vai ficar feia". 
 
A crise envolvendo a comunidade de inteligência americana aprofundou-se nos últimos dias, depois que novos documentos vazados por Edward Snowden, ex-funcionário terceirizado da NSA, indicou que os EUA têm monitorado os telefones e e-mails de vários líderes estrangeiros, inclusive de Angela Merkel, a primeira-ministra da Alemanha. 
 
John Boehner, o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, tornou-se ontem a mais recente personalidade no Congresso americano a pedir uma reavaliação profunda da maneira como os serviços de inteligência do país estão coletando informações sobre governos aliados. "Temos de encontrar o equilíbrio certo nessa questão", afirmou Boehner. "E, claramente, estamos desequilibrados." 
 
Seus comentários foram feitos após a democrata Dianne Feinstein, presidente da Comissão de Inteligência do Senado, que supervisiona a NSA, defender uma "revisão total" da coleta de inteligência dos EUA e atacar a prática da "coleta de telefonemas ou e-mails de presidentes e primeiros-ministros amigos". 
 
Ela acrescentou: "Sobre a coleta de dados de inteligência pela NSA tendo como alvo líderes de aliados dos EUA, como França, Espanha, México e Alemanha, quero afirmar inequivocamente: sou totalmente contrária". 
 
Feinstein tem sido uma forte defensora de programas de coleta de dados pela NSA tendo como foco o terrorismo. Ela disse que a comissão foi deixada no escuro por mais de uma década sobre algumas das atividades da NSA. 
 
Se Feinstein decidir realizar audiências públicas sobre o assunto, elas poderão transformar-se numa plataforma importante para os defensores de uma reforma substancial na maneira como a NSA opera. Um grupo de legisladores dos dois partidos apresentou ontem um novo projeto de lei que pretende estabelecer novas maneiras de fiscalizar a vigilância praticada pela NSA. 
 
A Casa Branca está realizando duas avaliações sobre a coleta de informações de inteligência: uma reavaliação interna e outra produzida por um grupo de ex-funcionários e especialistas externos. Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou que uma das questões em análise é "a postura adequada quando se trata de chefes de Estado". 
 
No entanto, apesar das especulações de que o governo Obama poderá proibir escutas tendo como alvo líderes aliados, um alto funcionário disse que nenhuma alteração abrangente foi feita nas políticas de coleta de inteligência. É "incorreto" dizer que os EUA estão suspendendo a coleta de inteligência focada em todos os seus aliados, afirmou esse funcionário. Já um ex-funcionário do governodisse que a Casa Branca vê claramente com simpatia as queixas da Alemanha, país com o qual os EUA têm uma estreita relação de inteligência. 
 
No entanto, ele acrescentou que há diversos governos aliados ou amigos, por exemplo no Oriente Médio, sobre os quais haverá muita pressão no sentido de manter todas os canais possíveis de monitoração de inteligência. 
 
Com a intensificação do crivo político em Washington focando a NSA, os membros da comunidade de inteligência têm se mostrado irritados com relatos de que a NSA vem espionando líderes estrangeiros sem nenhum tipo de aprovação política. 
 
Feinstein disse que o presidente Barack Obama não tinha conhecimento do grampo americano tendo como alvo telefonemas de Merkel. No entanto, o ex-funcionário da NSA afirmou que altos funcionários na Casa Branca deveriam estar plenamente informados sobre a fonte da maior parte das informações incluídas no relatório diário de inteligência entregue ao presidente. Ele também citou um comentário feito em junho por Obama, quando os documentos vazados por Snowden começaram a circular: "Eu sou o usuário final desse tipo de informação". 
 
Num momento em que Obama está sob ataque político por não estar a par de problemas no novo website de saúde do governo, os republicanos poderão também começar a se concentrar na supervisão das atividades da NSA pelo presidente. 

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