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Ataque com helicóptero ao Supremo agrava crise na Venezuela

Granadas foram lançadas contra o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, e tiros foram disparados contra o Ministério do Interior num ataque realizado nesta terça-feira (27/06), em Caracas, a partir de um helicóptero sequestrado. Não foram registrados feridos.

O presidente Nicolás Maduro classificou o incidente como "terrorista e golpista". O governo afirmou que vai investigar possíveis vínculos com a CIA – repetindo o discurso chavista de que os americanos estariam por trás de um plano para derrubar o governo.

O ministro da Comunicação e Informação, Ernesto Villegas, disse que o helicóptero foi furtado da base militar de La Carlota, em Caracas, por um inspetor adstrito à divisão de transporte aéreo da polícia científica (CICPC), identificado como Óscar Pérez. O autor do ataque segue em fuga.

Em discurso, transmitido obrigatoriamente pela rádio e televisão, Villegas afirmou que a aeronave sobrevoou a sede do Ministério do Interior, no centro da capital, e "efetuou cerca de 15 disparos contra o edifício", enquanto no terraço ocorria uma recepção com cerca de 80 pessoas.

O helicóptero seguiu depois para o Supremo Tribunal, "onde foram efetuados disparos e lançadas pelo menos quatro granadas, de origem colombiana e fabricação israelense, das quais uma não explodiu e foi recolhida", disse o ministro.

Villegas sublinhou que as Forças Armadas e as instituições de segurança do Estado foram destacadas para capturar o autor do duplo ataque e recuperar a aeronave, exortando os cidadãos a comunicar qualquer informação que tenham sobre o paradeiro do helicóptero e de Pérez.

Pérez foi fotografado a bordo do helicóptero com uma faixa na qual se lia "350 liberdade", alusão ao artigo da Constituição venezuelana que convoca a abnegar "qualquer regime" que viole garantias democráticas. Posteriormente, Pérez publicou no Instagram vídeos nos quais pede a renúncia de Maduro.

"Somos um agrupamento de militares, policiais e civis em busca de equilíbrio e contra este governo transitório criminal. Não pertencemos a nenhuma tendência política ou partidária. Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas", diz um trecho da mensagem de Pérez.

O governo venezuelano afirmou que o incidente se trata de uma ação conspiratório executada pelos Estados Unidos. De acordo com Villegas, estes ataques são parte de uma "escalada golpista contra a Constituição e suas instituições".

Ele afirmou que Pérez está sendo investigado por seus "vínculos com CIA" e a embaixada dos EUA,  "assim como seus vínculos com um ex-ministro do Interior, que recentemente confirmou publicamente seus contatos com a CIA", disse Villegas, referindo-se a Miguel Rodríguez Torres, que tem se manifestado contra o governo chavista.

Segundo Caracas, Pérez é piloto de Torres. O ex-ministro acusou de "falso" o documento publicado por uma mídia pró-governo que lhe relaciona à agência de inteligência americana.

Maduro ameaça pegar em armas

Mais cedo, antes do ataque com o helicóptero, Maduro disse que o chavismo deveria ir às armas para fazer o que não pode ser feito com votos, caso haja risco de a revolução bolivariana ser destruída.

"Se a Venezuela afundar no caos e na violência, se a revolução bolivariana for destruída, nós iríamos ao combate, nós jamais nos renderíamos e faríamos com as armas o que não se pode fazer com os votos. Libertaríamos nossa pátria com as armas", disse Maduro,durante ato político em Caracas.

O presidente pediu que o mundo escute esse alerta, transmitido em cadeia de rádio e televisão estatal, depois de três meses de protestos que deixaram 76 mortos, e afirmou que seu governo é a "única opção" de paz no país. "Que ninguém se engane: queremos a paz, somos homens e mulheres de paz, mas somos guerreiros", completou Maduro.

O líder da oposição Henrique Capriles disse que, com essa declaração, Maduro "declarou guerra" aos venezuelanos.

Maduro denuncia "ataque terrorista" contra Supremo e ministério na Venezuela¹

Os edifícios da Suprema Corte de Justiça e do Ministério do Interior da Venezuela foram atacadas na terça-feira com tiros e granadas jogadas de um helicóptero roubado da polícia, denunciou o presidente Nicolás Maduro, que chamou a ação de um ataque "terrorista" e "golpista".

Maduro interrompeu uma cerimônia do dia do jornalista para informar sobre o acontecido, e disse que forças especiais foram mobilizadas na busca do piloto e do grupo que sequestrou a aeronave do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC).

A partir do helicóptero foram disparados 15 tiros contra a sede do Ministério do Interior, no centro de Caracas, onde várias pessoas assistiam a um evento social.

Depois, foram lançadas quatro granadas contra a sede da Suprema Corte, onde estavam reunidos magistrados, segundo detalhes divulgados posteriormente em um comunicado. Não há relato de feridos.

"Havia na Suprema Corte de Justiça uma atividade social, poderiam ter causados várias dezenas de mortes ou lesões, uma tragédia", disse Maduro ao condenar o ataque.

O líder socialista, que tem enfrentado nos últimos três meses protestos constantes e questionamentos da oposição, afirmou que as forças de segurança neutralizaram ao menos 10 ações como essa recentemente.

"Ambos os ataques foram realizados de um helicóptero furtado da base aérea Generalíssimo Francisco de Miranda de La Carlota, Caracas, por parte de um sujeito chamado Óscar Alberto Pérez, que, para cometer os atentados, se valeu de sua condição de inspetor atribuído à divisão de transporte aéreo do CICPC", disse o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas.

Imagens compartilhadas em redes sociais e na mídia local aparentemente mostraram Pérez agitando uma bandeira do helicóptero com a palavra "Liberdade" e o número "350". O número se refere ao artigo da Constituição da Venezuela que concede às pessoas o direito de se opor a um governo antidemocrático.

Um vídeo publicado na conta do Instagram de Pérez, pouco antes do ataque ser denunciado, o mostra de pé em frente a quatro homens armados e encapuzados, dizendo que uma operação estava em andamento para restaurar a democracia.

"Esse combate… é contra o governo nefasto, contra a tirania", disse, alegando fazer parte de uma coalizão de funcionários militares, policiais e civis e incitando Maduro a renunciar e a realizar eleições gerais.

Mídia locais também vincularam Pérez ao filme de ação venezuelano "Muerte Suspendida" que coproduziu e protagonizou em 2015, interpretando um agente de inteligência que resgata um empresário sequestrado.

¹com Reuters

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