Search
Close this search box.

Argentina pede discrição ao Brasil sobre voo São Paulo – Falklands

O governo argentino pediu que nenhuma autoridade federal brasileira comentasse ou prestigiasse o lançamento de novo voo ligando São Paulo às ilhas Falklands, conhecidas no país vizinho como Malvinas.

O motivo é o temor de uma crise política decorrente do estabelecimento da rota, que terá duas escalas mensais, uma de ida e outra volta, na cidade argentina de Córdoba.

Ele será feito pela chileno-brasileira Latam e começa a operar na próxima quarta (20) com um Boeing 767-300ER. O pedido, informal, chegou por meio de canais diplomáticos e foi aceito pelo Itamaraty.

Roteiro como aprece no site da LATAM/BR para o voo do dia 20NOV2019. A escala em Córdova (Cordoba/ Argentina). O Aeroporto Internacional Ingeniero Ambrosio Taravella, conhecido como Aeroporto Pajas Blancas, é um dos mais importantes da Argentina e serve grande parte do centro do país. Além de destinos domésticos, opera voos internacionais para países da América e Europa. O destino Final é Mount Pleasant (MPN) e não como o esperado Port Stanley.. 

A preocupação de Buenos Aires é que a eventual presença de políticos em eventos relacionados à inauguração do serviço passasse a impressão de que o Brasil endossa a soberania do Reino Unido sobre as ilhas.

O Brasil reconhece o pleito argentino sobre o arquipélago e chama as ilhas de Malvinas. As Falklands foram objeto de uma guerra entre argentinos e britânicos, em 1982.

Em decadência política, a ditadura argentina liderada pelo general Leopoldo Galtieri invadiu o arquipélago. A então primeira-ministra britânica Margaret Thatcher decidiu enviar uma força naval para retomar o território, o que conseguiu 74 dias depois da invasão.

Como resultado, morreram 649 argentinos, 255 britânicos e três ilhéus. A ditadura argentina entrou em colapso a seguir. Pessoas que acompanharam o caso na diplomacia brasileira dizem que não havia nenhuma perspectiva de tal endosso de políticos ao lançamento ou ao voo em si, o que mostra o quão sensível ainda é a questão das Falklands no vizinho, em especial neste momento – o governo de Mauricio Macri foi derrotado nas urnas pelo peronista Alberto Fernández em outubro.

Ao responder ao cumprimento britânico pela vitória, o futuro presidente iniciou seu texto dizendo que não renunciaria ao desejo de governar as ilhas. A questão é que a rota, na prática, é uma ligação disfarçada entre a Argentina e as ilhas.

Não é algo inédito: a Latam opera desde 1999 um voo semelhante, que sai de Punta Arenas (Chile) e faz a mesma escala dupla mensal na argentina Río Gallegos.

À época, houve uma chuva de críticas sobre o que seria um reconhecimento indireto de que as ilhas são britânicas. As Falklands foram incorporadas ao Império Britânico em 1833, e são hoje um território ultramarino de Londres.

E o são por opção de 99,8% de seus cerca de 3.400 habitantes, segundo plebiscito realizado sobre o tema em 2013. A reivindicação argentina vem do fato de que, antes de 1833, o país foi um dos que disputou a colonização das ilhas – o primeiro assentamento local foi francês, em 1764.

A inauguração da rota paulistana foi duramente criticada, especialmente por políticos peronistas como Rosana Bertone, a governadora da Província da Terra do Fogo. O voo inaugurado em 1999 e o novo foram estabelecidos em governos de oposição ao peronismo – Carlos Menem antes e Macri agora -, mas os governos peronistas dominados pela família Kirchner entre eles nada fizeram para suspendê-los.

Desde 2016, já sob Macri, a Argentina e o Reino Unido vinham tomando medidas de confiança mútua sobre as ilhas. No fim de outubro deste ano, Londres devolveu a pequena estátua de Nossa Senhora de Luján, tomada dos soldados invasores argentinos que levaram a imagem da padroeira de seu país para as ilhas em 1982.

O papa Francisco, que é argentino e próximo do peronismo, abençoou o objeto no Vaticano. Além da questão histórica, há interesses econômicos. A prospecção de petróleo no entorno das Falklands está travada devido ao fato de a Argentina reivindicar também as águas territoriais da região.

Hoje, as ilhas são autossuficientes. Têm um Produto Interno Bruto anual equivalente a R$ 540 milhões, oriundos da pesca, da lã de suas 500 mil ovelhas e do turismo, mas o petróleo é o que chama atenção: as reservas sob o mar estão estimadas em 1 bilhão de barris – hoje o Brasil todo tem 12 vezes isso.

O voo da Latam sairá duas vezes por mês de São Paulo, uma delas com escala em Córdoba, rumo ao aeródromo de Mount Pleasant. O lugar abriga os mais avançados caças do Hemisfério Sul, usualmente operando quatro modelos Eurofighter Typhoon.

A frequência obrigará o visitante a passar ao menos uma semana em Stanley, a capital e única cidade das Falklands, se quiser pegar o voo de volta na mesma rota. No site da Latam, cada perna da viagem começa em R$ 2.259.

 

Nota DefesaNet

Um ano após a Guerra das Malvinas/Falklands aeronaves da RAF pousam na Base Aérea de Canoas (BACO) atual ALA3.

Index das matérias publicadas na Série Top Secret – Ingleses em Canoas- O uso de Bases Brasileiras para pousos de aviões ingleses em rota para as Malvinas. As negativas diplomáticas e no fim o real objetivo da permissão Brasileira. Inclui matérias do Jornal Zero Hora, revista Veja e outros jornais da época:

1 – Abertura Top Secret – Ingleses em Canoas Link

2 – Exclusivo Zero Hora 24 Junho 1983 – Na Base de Canoas o avião inglês que abastece as Malvnas Link

3 – Top Secret – Brasil tenta a "estória" dos Pousos Técnicos Link

MMMatérias dos jornal Zero Hora dos dia 25 Junho 1983

4 – Top Secret – Ingleses Detonam – Confirmam os pousos Link

MMMatéria do jornal Zero Hora do dia 27 Junho 1983

5 – Top Secret – Ingleses em Canoas – VEJA – EMBRAER dá a Pista

      Matéria de VEJA 29 Junho 1983

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter