Nota DefesaNet
Estamos publicando série de matéria sobre a situação iinterna na Argentina. Os leitores podem acompanhar via a tag Argentina_debacle.
O Editor
Guilherme Russo
Enviado especial / Córdoba, Argentina
CÓRDOBA, ARGENTINA – Luis Menaldi, de 63 anos, há 40 comercializa e conserta escopetas, espingardas, pistolas e revólveres na Rua Catamarca, no centro de Córdoba. Ele afirma que clientes passaram a procurá-lo "quatro vezes mais" nos dias seguintes aos saques do começo do mês – e o movimento continua alto.
"Nem bem ocorreram os problemas, as pessoas decidiram comprar armas para se defender. É uma reação de sobrevivência. É impossível se defender de mãos vazias", disse.
Inexperientes no assunto, muitos comerciantes pedem conselhos sobre qual armamento devem usar, segundo o relato de Menaldi.
"Explico para eles que a arma mais contundente é a escopeta longa, calibre 12, de repetição. Essa arma intimida muito", afirmou,
Grande parte dos clientes de lojas de armas, porém, se decepcionaram por não poderem se armar imediatamente. Eles não têm a licença necessária – que demora ao menos 60 dias para ser obtida. Mas, segundo Menaldi, isso não atrapalhou os negócios.
Para comprar armas na Argentina é necessário comprovar meio de vida lícito e apresentar um certificado que comprove a ausência de antecedentes criminais, além de fazer curso de tiro e obter atestados oficiais de saúde física e mental.
A mulher de Menaldi, Patricia Sánchez, de 53 anos, que o ajuda a tocar o negócio, ressaltou que muitos comerciantes os procuraram também para consertar armas guardadas "há muito tempo".
Ambos concordaram que este foi o mês mais movimentado desde a crise de dezembro de 2001, quando, segundo eles, muitos argentinos também se armaram para evitar saques.
O comerciante Ricerdo Boras, de 56 anos, e o vendedor Ezequiel Durán, de 27, que trabalham em outras duas lojas de armas no centro de Córdoba, afirmaram que a procura por seus produtos aumentou "20%" em dezembro.
Já Jesus Leonelli, de 38 anos, dono de uma loja de armamento no bairro Villa Cabrera, no norte de Córdoba, disse que duplicou suas vendas este mês.
"Para mim, esses saques foram positivos. Ajudaram nos negócios". declarou Leonelli. "Todo mundo está comprando. As pessoas se deram conta de que se a polícia não está, não há quem as defenda. Os atacadistas (de armas) estão ficando sem estoque."