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Apreensão toma conta de Caracas em dia que seria posse de Chávez

Elianah Jorge, correspondente da Rádio França Internacional em Caracas

A população venezuelana vive momentos de apreensão em relação ao que poderá acontecer ao longo do dia. De acordo com a Constituição, a posse do presidente Hugo Chávez ocorreria nesta quinta-feira (10), mas há um mês o socialista está internado em Cuba após passar por uma delicada cirurgia. Por decisão do Supremo Tribunal de Justiça, ele poderá tomar posse quando retornar à Venezuela, numa data ainda não definida. Desde que pediu permissão à Assembleia Nacional para se ausentar do país, o presidente não reapareceu em público, o que alimenta os boatos sobre sua condição física.

Muitas pessoas preferiram faltar ao trabalho e não levar os filhos ao colégio, com medo da reação popular. Caracas, a capital venezuelana, é dividida por uma linha imaginária na qual o setor Oeste é dominado por seguidores de Hugo Chávez e o lado Leste, pela oposição. Ambos os grupos agendaram concentrações de apoio e repúdio à decisão inédita tomada pelo STJ. Os que estão com o presidente irão para a sede do Poder Executivo, o Palácio do Miraflores. Já os opositores vão se concentrar na Praça Altamira. Embora a distância entre os locais seja de mais de dez quilômetros, há receio de que os grupos se encontrem.

“Não queremos derramamento de sangue. Nós, venezuelanos, queremos a paz. Só temos a perder se entrarmos em conflito”, afirmou o veterinário Denis Osuna.

Na noite de ontem o canal de TV Globovisión, o único de oposição em todo o país, recebeu uma sanção por parte da Conatel, a Comissão Nacional de Telecomunicações da Venezuela, organismo do Estado que regula todo os canais do país, sob a justificativa de que este meio violou a Lei de Responsabilidade Social de Rádio, TV e Meios Eletrônicos ao transmitir imagens das cerimônias de posse anteriores do presidente Hugo Chávez. A medida foi considerada um ato de censura.

O vice-presidente Nicolás Maduro, que agora está à frente do país, convocou um Conselho de Ministros no qual declarou seu apoio irrestrito a Chávez.

Milos Alcalay, antigo representante da Venezuela na ONU , entregou uma carta ao Senado brasileiro em que pede que a presidenta Dilma Rousseff intervenha contra o que ele chamou de "ruptura democrática" e "farsa da continuidade" na Venezuela. Por sua vez, Rui Falcão, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), enviou um comunicado manifestando sua solidariedade ao Partido Socialista Unido da Venezuela.

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