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Anwar al-Awlaki: o Bin Laden da internet

Nascido nos EUA e principal face da Al-Qaeda da Península Arábica, o imã radical Anwar al-Awlaki, cuja morte foi anunciada nesta sexta-feira pelo governo ienemita e confirmada pelos EUA, era ligado à Al-Qaeda e intensamente procurado pelos EUA, que o consideravam uma ameaça tão grande quanto Osama bin Laden.

Awlaki, que segundo fontes tribais morreu em um bombardeio lançado por aviões americanos, era um jovem pregador iemenita-americano conhecido por seus discursos na internet, o que o tornou conhecido como "O Bin Laden da internet". Aparecia na lista de Washington de alvos a eliminar por seus supostos vínculos com a Al-Qaeda.

O pregador, de 40 anos, já esteve na mira, juntamente com autoridades da Al-Qaeda, de um ataque da aviação iemenita em 24 de dezembro de 2009 em Wadi Rafadh, na Província de Shabwa, que deixou 34 mortos. Mas, segundo os serviços de segurança, o imã não se encontrava no local.

O nome de Awlaki aparece no caso do ataque que deixou 13 mortos e 42 feridos em 5 de novembro de 2009 em Fort Hood (Texas), porque se correspondia pela internet com seu suposto autor: o psiquiatra militar de origem palestina Nidal Hasan.

Em um vídeo postado na internet em maio de 2010, o imã convocava os soldados americanos de religião muçulmana "a seguir o exemplo de Nidal Hasan, que matou soldados que partiam em direção ao Afeganistão e ao Iraque".
 

Também foi relacionado ao atentado frustrado que o nigeriano Umar Faruk Abdulmutallab tentou praticar em um avião americano que voava de Amsterdã a Detroit no Natal de 2009. Assim como Abdulmutallab, filho de um rico banqueiro e ex-ministro oriundo do norte da Nigéria (de maioria muçulmana), Awlaki, casado e pai de cinco crianças, vinha de uma classe abastada: seu pai, Nasser Awlaki, foi ministro da Agricultura e reitor da Universidade de Sanaa.

Nascido em Las Cruces, no Novo México, em 21 de abril de 1971, Awlaki viveu nos EUA até os 7 anos, quando sua família retornou ao Iêmen. Ele voltou aos EUA em 1991 para fazer o ensino superior. No país, obteve diploma de Engenharia Civil pela Universidade estatal do Colorado, fez um mestrado de Educação na Universidade de San Diego e participou de um programa de doutorado em Recursos Humanos na Universidade George Washington.

Foi preso em San Diego em 1996 e 1997 por solicitar o serviço de prostitutas. Pregou em mesquitas de vários Estados americanos e trabalhou para uma organização de caridade patrocinada pelo imã iemenita radical Abdel Majid Zendani, acusado pelos EUA de estar vinculado a grupos "terroristas".

Como imã na Califórnia e na Virgínia, Awlaki pregou e interagiu com três dos 19 sequestradores dos quatro voos usados nos ataques do 11 de Setembro, segundo o relatório da Comissão 11/9. Depois, ele condenou os ataques publicamente. Ficou nos EUA até 2002, quando passou a morar em Londres antes de voltar ao Iêmen em 2006.

Após voltar ao país, passou 18 meses na prisão por seu envolvimento no sequestro do filho de uma família rica iemenita e no pedido de um resgate "para financiar a Al-Qaeda", mas ele alegou que havia sido preso a pedido dos EUA.

Foi libertado em 2008 graças à intervenção de autoridades iemenitas com a condição de que não saísse de Sanaa e se apresentasse diariamente na delegacia. Mas, após alguns meses, dirigiu-se à região de Shabwa.

As autoridades iemenitas o procuravam ativamente e uma autoridade antiterrorista americana confirmou  em abril de 2010 que a administração de Barack Obama autorizou sua eliminação. Uma autoridade americana revelou recentemente que Awlaki foi convidado a almoçar no Pentágono após o dia 11 de Setembro de 2001, como parte de uma iniciativa do secretário de Defesa da época, Donald Rumsfeld, de estabelecer contatos com a comunidade muçulmana moderada após os atentados daquele ano.

*Com AFP

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