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Amorim é pela volta de tropas brasileiras do Haiti

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA. O novo ministro da Defesa, Celso Amorim, que toma posse hoje, apoia a saída das tropas brasileiras do Haiti. O assunto foi discutido na primeira reunião entre o ministro e os comandantes das Forças Armadas, no Palácio do Planalto, no sábado. Segundo um dos participantes do encontro, houve "convergência de opinião", ou seja, a cúpula militar também concorda com o retorno das tropas. O Exército brasileiro lidera a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) desde junho de 2004.

Amorim, um dos principais articuladores da participação do Brasil na missão de paz no Haiti, ainda no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avalia que este ciclo está chegando ao fim. A economia voltou a crescer e, aos poucos, o país está retornando à normalidade democrática.

A missão de paz teve papel crucial na segurança interna do Haiti, após a queda do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, mas, nos últimos anos, tornou-se alvo de crescente resistência, inclusive no plano externo.

– É preciso pensar numa estratégia de saída (do Haiti) – disse Amorim a interlocutores, reservadamente, um dia após a reunião com os militares.

Estratégia de retirada ainda precisa ser traçada
Para o novo ministro, o Brasil não pode se "eternizar lá". Amorim e a cúpula militar só não definiram ainda como isso acontecerá. Mas há consenso de que a manobra não pode ser feita de forma precipitada, para não "prejudicar" o trabalho em andamento. Amorim disse, a pelo menos um interlocutor, que o importante agora é estabelecer as regras de retirada.
A posição do ministro coincide, em parte, com a linha adotada pelo Ministério das Relações Exteriores. Numa entrevista ao GLOBO publicada ontem, o chanceler Antonio Patriota também falou, de forma indireta, sobre a retirada das tropas.

Depois da posse, Amorim deve se reunir com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário, para tratar da criação da Comissão da Verdade, em tramitação na Câmara. A comissão está no centro do principal embate entre militares e parentes de militantes de esquerda mortos durante a ditadura militar. O tema é tão delicado que, por pouco, não acabou em renúncia coletiva dos três comandantes e do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, em 2009.

Amorim tem dito que conhece a "preocupação das Forças Armadas" e que, em princípio não vê necessidade de mudanças no texto enviado ao Congresso, após profunda revisão da proposta original. Segundo ele, o assunto "está bem encaminhado". Familiares de mortos e desaparecidos estão pressionando para alterar o texto.

Amorim se reuniu com os comandantes do Exército, general Enzo Peri; da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito; da Marinha, Júlio Soares Moura Neto; e com o chefe do Estado-Maior Conjunto do ministério, general José Carlos De Nardi. No encontro, que transcorreu em clima amistoso, o novo ministro deixou claro que não vê necessidade de alterações substantivas na Estratégia Nacional de Defesa.

Os comandantes disseram que o principal problema hoje é a restrição orçamentária. E Amorim prometeu que fará o possível para resolvê-lo no mais curto espaço de tempo.

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