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Alemanha recusa envio de armas pesadas à Ucrânia e é alvo de críticas de Kiev

A decisão anunciada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, de não enviar armas pesadas à Ucrânia, vem gerando críticas da oposição e dos membros de sua coalizão de governo. Eles acusam o chanceler de demonstrar fraqueza e hesitação em um momento crucial: o que está em jogo não é só o futuro da Ucrânia, mas também a segurança do continente europeu.

Enquanto Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Holanda confirmaram o envio de armas pesadas para a Ucrânia lutar contra a ofensiva de Moscou no leste do país, Berlim hesita e a pressão cresce sobre o governo alemão. A pressão vem da oposição e dos membros do Partido Verde e do Partido Liberal Democrático (FDP), que compõem a coalizão liderado pelo Partido Social-Democrata (SPD), do governo.

Os apoiadores dizem que a maior nação da União Europeia não está dando à Ucrânia as armas que o país necessita para se defender da invasão russa, como, por exemplo, blindados e tanques.

O chanceler alemão convocou nesta terça-feira (19) uma entrevista coletiva para assegurar que a Alemanha vai financiar compras de armas pela Ucrânia, que serão realizadas diretamente junto à indústria alemã. Segundo ele, Berlim não tem condições de enviar equipamentos dos estoques das forças armadas alemãs.

Nesta quarta-feira, durante visita a Letônia, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, disse que veículos blindados não são tabu para o governo alemão, mas que seu país não dispõe desses equipamentos para enviar a curto prazo.

Tensão entre os três partidos de coalizão

A tensão no governo alemão sobre esse assunto divide, de um lado, o Partido Verde e os liberais do FDP e, de outro lado, e os sociais-democratas do SPD. Muitos críticos lembram da política de aproximação com o Kremlin, que foi, durante muito tempo, incentivada por políticos sociais-democratas.

Uma das figuras mais controversas e proeminentes nesse ponto é o ex-chanceler social-democrata Gerhard Schröder, que ocupa cargos em empresas estatais russas e continua mantendo uma relação próxima com Vladimir Putin.

Alegações de Berlim contra envio de armas pesadas

A Alemanha já forneceu à Ucrânia equipamentos como metralhadoras, armas antitanque e mísseis antiaéreos. No caso de armamentos pesados, como tanques e blindados, Berlim alega que faz mais sentido enviar sistemas conhecidos do soldados da Ucrânia, como armamentos da era soviética.

De acordo com o governo alemão, o mais importante é que as armas sejam imediatamente utilizáveis e estejam disponíveis aos ucranianos. A maior parte do exército ucraniano ainda luta com armas dos tempos soviéticos. Os modelos são considerados de mais fácil manejo, sem que seja necessário um treinamento extensivo.

As armas são encontradas principalmente em países da Europa Oriental. A República Tcheca já teria enviado alguns desses tanques de fabricação soviética. A Estônia também forneceu peças de artilharia originárias dos antigos estoques da Alemanha Oriental, depois de obter a aprovação alemã.

O governo alemão também sinalizou que se dispõs a compensar com armamentos modernos os parceiros da OTAN que entregarem armas da era soviética à Ucrânia. Além disso, Berlim se prontificou a ajudar nos casos de envios de armamentos pesados modernos por parceiros como Estados Unidos e Holanda, através do fornecimento de treinamento, peças e munição.

Decepção na Ucrânia

Se por um lado o governo em Kiev agradece toda ajuda que possa conseguir, também vem sinalizando frustração com as promessas da Alemanha.

Uma dos maiores críticos é o embaixador ucraniano em Berlim, Andrij Melnyk. Ele disse que Kiev recebeu as mais recentes declarações de Olaf Scholz "com grande decepção e amargura" e afirmou ser incompreensível a alegação de que os estoques das forças armadas alemãs não dispõem de tanques suficientes que possam ser entregues à Ucrânia.

EUA anunciam US$ 1,3 bi em ajuda à Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira (21/04) um novo pacote de ajuda econômica e militar à Ucrânia no valor de 1,3 bilhão de dólares (mais de 6 bilhões de reais).

O objetivo é ajudar o país nos combates aos invasores russos, concentrados no leste ucraniano. Biden prometeu tentar junto ao Congresso americano a criação de um fluxo contínuo de armas, munições e dinheiro para Kiev.

O americano disse que a nova remessa de ajuda militar será enviada "diretamente às linhas de frente pela liberdade". "Putin aposta na nossa perda de interesse", disse Biden, sobre o presidente russo. Segundo afirmou, o líder do Kremlin espera que "a unidade do Ocidente rache, e nós, mais uma vez, vamos provar a ele que está errado".

O novo pacote de ajuda inclui o envio de 800 milhões de dólares em artilharia pesada, 144 mil cargas de munição, além de drones para reforçar os ucranianos nos combates na região de Donbass.

A nova remessa se soma a outros 2,6 bilhões de dólares em ajuda militar à Ucrânia já aprovada por Biden. Washington ainda enviará 500 milhões de dólares em ajuda econômica direta à Ucrânia, destinados ao pagamento dos salários dos funcionários do governo, da previdência social e outros programas.

Desde o início da invasão russa, os EUA já enviaram 1 bilhão de dólares em ajuda econômica a Kiev. De modo geral, Biden disse que os 6,5 bilhões de dólares em assistência de segurança que o Congresso americano aprovou no mês passado – como parte de um pacote de 13,6 bilhões em ajuda militar desde o início da guerra – poderá se esgotar em breve.

Com o último anúncio, o presidente americano já aprovou, no total, o envio de 3,4 bilhões de dólares em assistência militar desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

As verbas aprovadas pelo Congresso também incluem em torno de 6,8 bilhões em ajuda econômica direta para refugiados e para os aliados na região impactados pela guerra, além de fundos adicionais para as agências governamentais dos EUA que colocam em prática as sanções contra Moscou e outras que trabalham na proteção contra crimes cibernéticos.

"Na próxima semana, vou enviar para o Congresso um pedido de orçamento complementar para o envio ininterrupto de armas e munições", disse o líder americano.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, expressou gratidão a Biden, mas disse que seu país necessita em torno de 7 bilhões de dólares por mês para compensar as perdas econômicas. Com dezenas de milhares de prédios destruídos e infraestruturas essenciais em ruínas, "precisaremos de centenas de bilhões de dólares para a reconstrução", disse Zelenski, ao participar virtualmente de uma reunião do Banco Mundial em Washington.

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