A versão do governo americano sobre a morte do terrorista saudita Osama bin Laden -a única disponível até agora- dá conta de que a operação, que culminou anteontem (horário de Brasília) com um ataque noturno de tropas especiais em helicópteros à mansão do saudita no Paquistão, começou a surgir no ano de 2007.
Agentes da CIA (agência de inteligência dos EUA) descobriram a identidade de um mensageiro de Bin Laden interrogando detentos da prisão americana de Guantánamo, em Cuba.
O suspeito, que não teve o nome divulgado, era um protegido de Khalid Sheikh Mohammed, o suposto responsável pelo planejamento dos ataques do 11 de Setembro.
Em 2009, a CIA descobriu que ele vivia com um irmão e uma família na região de Abbotabad, a 115 km da capital paquistanesa, Islamabad.
O presidente Barack Obama foi avisado em agosto de 2010 de que a agência tinha uma pista quente sobre o paradeiro do saudita. A CIA achou em seguida a casa do mensageiro em Abbottabad, avaliada em US$ 1 milhão e destoante da vizinhança.
O local tinha muros de 4 m de altura, arame farpado, câmeras de vigilância e os habitantes queimavam seu lixo, para que não pudesse ser analisado por espiões.
Toda aquela estrutura não se justificava para a proteção de um simples mensageiro. A CIA passou então a acreditar que os habitantes eram parentes de Bin Laden.
Em fevereiro deste ano -pouco antes de o presidente viajar ao Brasil-, a agência estava convencida de ter encontrado o esconderijo do maior inimigo dos EUA e informou Obama.
A cúpula da segurança nacional sugeriu bombardear o local com aviões invisíveis a radares, segundo a rede americana de TV ABC News. Obama descartou a opção -queria uma prova definitiva de que o saudita estava no local.
A solução foi enviar tropas especiais. A equipe seis de agentes especiais Seal, da Marinha, começou a treinar em mansão igual à de Bin Laden, construída nos EUA a partir de fotos de satélite.
Especializada em operações de contraterrorismo, a unidade atua apenas em missões secretas no exterior, a serviço da CIA. O código usado pelas forças americanas para se referir a Bin Laden era "Gerônimo", diz a CNN.
AUTORIZAÇÃO
Obama autorizou o ataque na manhã da última sexta-feira. Por causa do mau tempo, ao menos dois helicópteros Black Hawk decolaram de uma base no Afeganistão por volta de 0h30 de ontem.
Não há versões independentes sobre o ataque à mansão. Segundo os EUA, ao chegar à casa, o primeiro helicóptero foi alvo de um disparo de lança-foguetes e teve de fazer um pouso forçado.
Liderados por espião da CIA, os Seals desembarcaram e invadiram a mansão, trocando tiros com seguranças do saudita. O mensageiro, seu irmão e um filho de Bin Laden foram mortos.
O saudita foi encurralado no último andar do edifício e morto com dois tiros.
Inicialmente, John Brennan, conselheiro de Obama, disse que ele usou uma de suas esposas como escudo humano; mais tarde, fontes da Casa Branca negaram que se tratasse da mulher de Bin Laden e que ela tenha sido utilizada como escudo.
Antes de decolar com o corpo de Bin Laden, os militares explodiram o helicóptero avariado e recolheram documentos. O cadáver foi levado para um porta-aviões.