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A morte de civis em conflitos bélicos

André Luís Woloszyn

As guerras e conflitos ao longo da história sempre tiveram como característica marcante o alto índice de vítimas entre a população civil. Pessoas comuns, que nada tinham a ver diretamente com os combates, acabaram perdendo a vida em bombardeios aéreos, fogos de artilharia e minas terrestres, o que especialistas conceituam como sendo danos colaterais.

O século XX, palco de duas guerras mundiais e centenas de outros conflitos internos aliados ao desenvolvimento da indústria bélica, é o campeão histórico em mortes de civis, atingindo a surpreendente cifra de 110 milhões de pessoas, dentre estas, 20 milhões de crianças.

Na Primeira Guerra Mundial, estima-se que 6,5 milhões de civis tenham morrido no conflito, período em que as novas tecnologias aplicadas nos campos de batalha, como os bombardeios aéreos e a utilização de gases e minas terrestres, eram ainda novidades incipientes. Já na Segunda Guerra Mundial, caracterizada pelo uso da tática de zonas de devastação, onde não houve seleção de alvos entre combatentes e não combatentes, os números sobem para 31,5 milhões, 4% da população mundial da época.

A Guerra Civil no Camboja (1970) aniquilou 2,4 milhões de civis, 60% destas pela fome, doenças e em campos de extermínio. No Vietnam (1965-1975) estima-se em 2 milhões de vítimas, a maioria por ação de agentes químicos e bombas de fragmentação. A invasão soviética no Afeganistão (1979) resultou em 1 milhão de baixas entre a população afegã. No Kosovo (1998), cerca de 18 mil pessoas foram exterminadas.

No século XXI, caracterizado pelo avanço tecnológico nas armas de destruição em massa, veículos aéreos não tripulados e sistemas de precisão de mísseis, além de outros armamentos, esperava-se que o impacto das guerras na população civil fosse atenuado, o que até o momento não aconteceu. Na chamada Guerra ao Terror, deflagrada pelos EUA (2001-2010), registros ainda não totalmente processados apontam para a morte de 2,6 milhões de pessoas nos teatros de operações do Iraque (1,2) e Afeganistão, (1,4).

Os conflitos internos também são palco de altos índices de mortalidade, especialmente de civis. Em Dafur, no oeste do Sudão, (2003-2004), considerado de limpeza étnica e genocídio, as estimativas de ONGs chegam a 400 mil pessoas. Na Síria, das 42 mil pessoas mortas desde o início do conflito que objetiva a derrubada do regime de Assad, 28 mil são civis, a maioria atingidos por bombardeios aéreos em suas residências. Na questão israelo-palestina (2012), durante a Operação Chumbo Fundido, 960 civis palestinos foram mortos na Faixa de Gaza, entre os quais, 189 crianças e jovens de até 15 anos de idade contra 20 civis israelenses.

Este é de fato um quadro caótico que necessita ser minimizado. Uma questão de extrema importância no cenário da política internacional que além da cifra de milhões de vítimas civis, produziu 35 milhões de refugiados, a maioria, vivendo sob condições desumanas e em clima de permanente tensão.

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