Jéssica Pires Barbosa Barreto
DEFESA EM PAUTA
Centro de Estudos Estratégicos da ESG
A China aproveitou o Salão Aeroespacial Airshow China 2016, na cidade de Zhuhai, para apresentar publicamente, em 01 de Novembro, seu caça de quinta geração Tzyan-20 (J-20), de fabricação nacional. O caça de baixa visibilidade, que ainda está em desenvolvimento, está previsto para ser incorporado à Força Aérea do Exército de Libertação do Povo no inicio de 2018, mas já representa um avanço na capacidade de projeção do país na região e uma mudança na balança de poder. Até o momento, somente os EUA produziam caças de quinta geração.
O desenvolvimento dessa tecnologia demonstra a busca contínua pela modernização militar que permeia a história contemporânea chinesa. A guerra é um evento que impulsiona as capacidades tecnológicas dos países. Incentivado por ameaças estadunidenses, o país teve seu primeiro teste nuclear em 1964, mas os líderes planejaram usar tais armas apenas para dissuasão.
Entretanto, a China ainda dispensa esforços para aperfeiçoar sua força nuclear e manter capacidade dissuasória. A Guerra travada contra o Vietnã mostrou a necessidade de melhorar seus armamentos e a Guerra do Golfo trouxe uma mudança total no eixo bélico, principalmente, no elemento temporal.
Segundo Li Bin e Tong Zhao (2016), o paradigma de segurança chinês, diferentemente do paradigma estadunidense, tem seu foco na ênfase de desafios à segurança nacional, que, de modo geral, são derivados de vulnerabilidades no setor tecnológico. Eles têm origem no cenário doméstico ou internacional, são multifacetados e podem ou não ter elementos militares, como segurança alimentar e segurança energética.
Com o fim da URSS, a presença naval marcante dos EUA na região se tornou a principal preocupação do governo, que não quer ser surpreendido por alguma inovação tecnológica na área de defesa e, por isso, As far as China is concerned, what is important is ensuring that it has the technological leeway to avoid being caught off guard by new innovations. (ZHAO, 2016, p.8).
Quando assumiu o poder, em 2008, Obama deixou clara a sua crença de que a região Ásia-Pacífico é o grande desafio americano do século, pois há grandes possibilidades de comércio e investimentos. A expansão de poder da ascendente potência regional – a China –, que mostra um crescimento econômico e militar contínuo, ameaça a balança de poder na Ásia. Como mostra Adriana Erthal Abdenur (2016), os países da região tornaram-se atores relevantes nas organizações internacionais já estabelecidas e em coalizões que surgiram no pós Guerra Fria, além de ter crescido mais rápido do que outros de qualquer outra região em desenvolvimento.
Esse desenvolvimento tecnológico chinês, geralmente, não é bem percebido pelos EUA, que o vê como uma ameaça à sua segurança nacional. Através da política de “Pivot Asia”, o país norte-americano tentou isolar a China economicamente e conter sua expansão, principalmente nas questões do Mar do Sul da China, negando o direito histórico do país sobre a região.
Apesar da manutenção da paz ser interesse de todos os países da região, a possibilidade de má interpretação de alguma ação, como desenvolvimento tecnológico ou um exercício militar, é preocupante numa área que é essencial para o escoamento da produção do comércio mundial.
Demonstração do caça J-20 . Video da CCTV.
Referências
ABDENUR, Adriana Erthal. The Geopolitics of East Asia: New Geometries of Competition and Cooperation. 2016. Disponível em: <http://midias.cebri.org/arquivo/cebri_report_the_geopolitics_of_east_asia_final.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2016.
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BIN, Li; ZHAO, Tong (Ed.). Understanding Chinese Nuclear Thinking. Washington: Carnegie Endowment For International Peace, 2016. Disponível em: <http://carnegieendowment.org/2016/10/28/understanding-chinese-nuclear-thinking-pub-64975>. Acesso em: 04 nov. 2016.
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