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A geopolítica nórdica: relação entre Suécia e Rússia

Bruno Veillard
CEIRI NEWSPAPER


A geopolítica na Região Nórdica centra-se nos embates entre a Suécia e Rússia, no tocante à política de segurança e na expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) rumo ao Leste Europeu. Recentemente, o Governo sueco vem debatendo a concordância do país no âmbito do Acordo de Anfitrião, que aproximaria Estocolmo da estrutura deste organismo militar e cuja decisão poderia despertar o reforço militar russo nas fronteiras, além de esvaziar a já dificultosa relação entre os dois países.

O Acordo prevê o uso do território sueco para base operacional em momentos de exercícios, e facilitaria a mutualidade em momentos de crises que porventura o Bloco venha a enfrentar. Todavia, não existe consenso entre os políticos e militares suecos, pois a implementação deste mecanismo poderá abrir espaço para o ingresso de armamento da OTAN em solo sueco, sobretudo nuclear, o que contribuiria para amargar ainda mais suas relações com Moscou.

Desde 1994, os suecos possuem um histórico crescente de cooperação com a OTAN e, apesar de não fazerem parte da mesma, especula-se que sua atitude de aderência ao Acordo de Anfitrião poderia ocasionar o entendimento de alinhamento ao Bloco pela sociedade internacional. Mas, o principal interesse de Estocolmo é a defesa do país contra uma possível guerra com os russos.

Neste bojo o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou: “Devese entender que, se a infraestrutura militar passa a estar mais perto das fronteiras russas, naturalmente, tomaremos as medidas militares e técnicas necessárias. Como diz o ditado, ‘nada é pessoal – apenas um negócio’”, pois existe um receio de que a Suécia possa permitir que a OTAN utilize suas bases militares e espaço aéreo para fins bélicos.

Em resposta, a Ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Margot Wallström, retrucou: “É a Suécia quem decide sua própria política externa. Nós não permitiremos que a Rússia passe a assustar-nos em relação a OTAN”.

Segundo os analistas, compreende-se que a questão é sensível, à medida que se observa o avanço da OTAN no sentido russo, e existe a alegação de descumprimento do Ato fundador de 1997, o qual acorda o não estacionamento permanente de força de combate em territórios de novos membros.

Por outro lado, percebe-se a responsabilidade sueca em preservar a paz regional a partir da manutenção de sua política de defesa e, ao mesmo tempo, responsabilidade em entender a conjuntura para além dos valores da OTAN, de modo a ter relações estáveis com a Rússia e seus vizinhos.

Moscou: OTAN tenta 'desestabilizar' Cáucaso com manobras na Geórgia¹

O ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou, na sexta-feira (06MAI2016), a OTAN de tentar desestabilizar a região do Cáucaso com os exercícios militares conjuntos que realizará na Geórgia, onde soldados americanos vão treinar com a forças georgianas neste mês.

"Nós vemos este 'desenvolvimento' consistente no território georgiano por soldados da OTAN como um movimento provocativo, com o objetivo de desestabilizar deliberadamente a situação político-militar na região do Cáucaso", disse em um comunicado.

A Rússia e a Geórgia travaram uma guerra breve em 2008 devido a uma disputa sobre a Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia que é financiada e apoiada por Moscou.

Depois da guerra, a Rússia reconheceu a Ossétia do Sul e a Abkházia, outro território georgiano separatista, como estados independentes e estabeleceu bases militares permanentes neles.

A Geórgia considera que estas regiões estão sob ocupação e acusa a Rússia de continuar conquistando mais áreas através da ampliação dos limites geográficos da Ossétia do Sul em direção ao interior do território georgiano.

O Ministério das Relações Exteriores russo acusou Washington de "permitir o ímpeto revanchista de Tbilisi", a capital da Geórgia.

Moscou acusou a Otan de tentar combater a Rússia militarmente no leste da Europa com um aumento de tropas e exercícios, mas a aliança afirma que está respondendo à anexação da Crimeia, território ucraniano, pela Rússia.

O exercício militar na Geórgia, chamado de Noble Partner – um esforço de cooperação militar no âmbito da Otan – vai envolver cerca de 1.300 americanos, britânicos e georgianos, e acontecerá em uma base próxima a Tbilisi durante duas semanas neste mês, a partir de 11 de maio.

Como parte do exercício, os Estados Unidos enviaram alguns M1A2 – seus principais tanques de batalha – para a Geórgia pelo Mar Negro.

A Geórgia, um país montanhoso ex-soviético, aspira ser membro da OTAN, o que irrita a Rússia, sua antiga potência imperial, que se opõe fortemente à expansão da aliança nas ex-repúblicas soviéticas.

O país não está, no entanto, em um processo formal para uma eventual adesão.

¹com AFP

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