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8N – Mais de 500 mil protestam contra CK em Buenos Aires

 

SYLVIA COLOMBO
 DE BUENOS AIRES


Um megapanelaço organizado por opositores da presidente Cristina Kirchner –o "8N", como foi batizado pelos organizadores em alusão à data (8 de novembro)– reuniu na noite desta quinta-feira mais de 500 mil pessoas na capital da Argentina, Buenos Aires.
 
O número é uma estimativa da organização do protesto –a polícia ainda não divulgou dados nesta noite. Ainda assim, a manifestação é a maior realizada contra o governo desde que Cristina assumiu a Presidência argentina, cinco anos atrás.
 
Diante do obelisco — um dos principais monumentos da capital– iluminado com as cores da bandeira, os manifestantes pediram mais liberdade democrática e não à "re-reeleição" de Cristina, ideia lançada por intelectuais, mas não encampada oficialmente pelos governistas.
 
Durante o protesto, eram frequentes os gritos de "não votei nela" e "isto é para Cristina, que está assistindo pela TV". Os participantes do ato eram principalmente de classe média e alta.
 
Nas últimas horas, o protesto transcorria de maneira pacífica, apesar dos ônibus cheios e da falta de táxis para transportar os participantes da manifestação.
 
Políticos de oposição ao kirchnerismo não compareceram, com a exceção da senadora Maria Eugenia Estenssoro, da Coalición Civica.
 
À Folha Estenssoro disse que a manifestação era um "momento de virada".

A administração de Cristina, eleita para seu segundo mandato em outubro do ano passado, vem sendo alvo de mais críticas devido às medidas tomadas para tentar conter a crise e às restrições à mídia.
 
Membros da cúpula do governo evitaram comentar o panelaço, intensamente anunciado por meio de cartazes e spots publicitários.
 
Segundo o jornal "Clarín", que faz oposição ao governo kirchnerista, houve manifestações de argentinos também na Austrália, nos EUA e em países da Europa. Os protestos australianos e americanos foram os que reuniram o maior número de pessoas.
 
Em São Paulo, um pequeno grupo se reuniu diante do Banco de La Nación Argentina, na avenida Paulista.
 
SABOTAGEM

O governo argentino fez uma denúncia na Justiça para que seja investigado o apagão que, anteontem, deixou 3 milhões de pessoas sem luz em Buenos Aires, um dia antes do megapanelaço.
 
Tentando esquivar-se das acusações de responsabilidade do governo em lidar com as consequências do apagão –houve suspensão dos transportes públicos municipais e nacionais e da distribuição de água– o ministro do Planejamento, Julio De Vido, falou em "sabotagem".
 
"Não podemos jogar a culpa no calor. Nos chamam a atenção a hora, o lugar e a demanda", disse.
 
O apagão começou por volta das 18h (19h de Brasília) e só terminou às 22h (23h), afetando o regresso dos portenhos às suas casas em bairros da região central, Recoleta, Belgrano, Palermo e parte do "conurbano" (periferia).
 
Em discurso no começo da tarde, Cristina não comentou o caso do apagão e preferiu evocar o marido, seu antecessor Néstor Kirchner (1950-2010), como exemplo de valentia em momentos difíceis.
 
"Ninguém poderá recordá-lo jamais fugindo, nem deixando de assumir responsabilidades, nem baixando a cabeça, ainda que na derrota. Pelo contrário. Isso foi o que transmitiu para mim: não relaxar nunca. Nem nos piores momentos, porque é nos piores momentos que se conhecem os verdadeiros dirigentes de um país", disse.
 

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