Hitler afirmava na sua ordem de ataque na direção de Kursk: "A vitória deverá reforçar em todo o mundo a convicção que qualquer resistência às tropas alemãs é inútil", mas, já nos primeiros dias da Batalha de Kursk, o plano Cidadela do comando alemão começou a falhar. A armada de blindados da Wehrmacht, que apostava particularmente nos novos tanques Tiger (Tigre) e Panther (Pantera) e nos canhões autopropulsados Ferdinand, esbarrou numa defesa meticulosamente planejada. Os soldados soviéticos combatiam até à morte. Nessa situação, o marechal de campo Erich von Manstein optou por um ataque desesperado perto da estação ferroviária de Prokhorovka.
O diretor científico da Sociedade Russa de História Militar, Mikhail Myagkov, conta esse episódio:
"Essa foi a última tentativa do comando alemão de alterar o curso da guerra a seu favor. O protagonista dessa batalha foi o II Corpo de Blindados SS alemão do general Paul Hausser que era composto por unidades de blindados SS muito fortes: as divisões Reich, Totenkopf e Adolf Hitler com um total de 500 tanques. Destes, 50 eram tanques pesados Tiger."
O comando soviético decidiu realizar, junto a Prokhorovka, uma contraofensiva envolvendo as forças de reserva do 5º Exército de Blindados do general Pavel Rotmistrov, composto por 800 blindados. Os tanques eram apoiados pelo 5º Exército Combinado. Na manhã de 12 de junho, depois de uma curta barragem de artilharia, os tanques soviéticos iniciaram a ofensiva, eles deviam obrigar o inimigo a combater a curta distância. Só num confronto deste tipo, a uma distância não superior a 500 metros, os tanques T-34, armados na altura com canhões de 76 mm (3 polegadas), podiam perfurar a blindagem lateral dos tanques Tiger.
Os blindados penetraram nas fileiras dos tanques inimigos debaixo do fogo dos canhões Ferdinand, de 88 mm, e dos Tiger, que perfuravam a blindagem frontal dos T-34 a uma distância de um quilômetro e meio. Durante o contrataque, os tanquistas soviéticos, cujos tanques já estavam a arder, provocavam colisões com o inimigo para imobilizar o inimigo, pagando para isso com a sua própria vida. A terra tremeu nesse dia como num terremoto. Por cima do campo surgiam remoinhos de chamas, fuligem e fumo.
O duelo impiedoso entre tanques se transformava frequentemente numa luta corpo a corpo entre as suas tripulações, continua Mikhail Myagkov:
"A Batalha de Prokorovka durou mais de um dia e só terminou a 14 de julho. A pressão da força de blindados alemã sobre Kursk conseguiu ser travada. Eles não passaram deste campo. Nessa batalha as tropas russas perderam uma quantidade enorme de blindados: 500 dos 800 que tinham, o que representa cerca de 60 por cento. Mas os alemães perderam 300 tanques em 400, ou seja 75 por cento. Para eles isso foi uma catástrofe."
Em 1943, alguns meses depois do fim da Batalha de Kursk, teve lugar a Conferência de Teerã, na qual se encontraram pela primeira vez os líderes da URSS, dos EUA e da Grã-Bretanha, na qual foi tomada a decisão de abrir a Segunda Frente na Europa em maio de 1944.
Depois da Batalha de Prokorovka, foi decidido rearmar o tanque T-34 com um canhão de 85 mm que perfurava a blindagem frontal do tanque pesado Tiger. Mais tarde, os peritos ocidentais, tendo em conta a feliz combinação da sua blindagem, mobilidade e poder de fogo, consideraram o T-34 como o melhor tanque médio do século XX.