Conforme noticiado recentemente, os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) planejam lançar uma internet alternativa a partir de 2015.
Trata-se de um cabo submarino de fibra ótica com 34 mil quilômetros e capacidade de 12,8 bit/s, que se estenderá de Vladivostok, na Rússia, até Fortaleza, no Brasil, passando por Shantou (China), Chennai (Índia) e Cidade do Cabo (África do Sul). Mas o que pensam os observadores internacionais sobre o assunto?
Kirill Miámlin, jornalista e autor do livro “Comunitarismo como ideal russo”
“Dilma Rousseff deu um passo histórico na esteira das revelações de Snowden sobre a espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês). Os especialistas americanos afirmam que a decisão brasileira de se afastar da internet baseada nos EUA é ‘potencialmente perigosa’, já que poderia ser o primeiro passo rumo à fragmentação da rede mundial. Assim, surgiria um novo ambiente sem a intervenção de qualquer governo; em particular, sem a intervenção do governo dos EUA.”
Michael Dorfman, escritor israelense-americano e ativista político
“Nos EUA não se prestou muita atenção a essas notícias. Foi diferente com relação ao Sputnik soviético, que até hoje assusta os americanos.
A existência de alternativas é sempre algo positivo. Quanto mais possibilidades de escolha houver, melhor. Contudo, ninguém pode garantir que essa internet será mais segura que a dos EUA, e esses países se serão capazes de proteger de maneira mais eficiente os direitos dos usuários, incluindo a privacidade dos dados pessoais ou o livre acesso aos conteúdos.
Cedo ou tarde, teremos um mundo multipolar, e os EUA perderão seus monopólios – não apenas o da internet, mas também o financeiro e o militar. Isso não acontecerá subitamente, levará uns 25 ou 30 anos.”
Iúri Iúriev, observador político e blogueiro ucraniano
“Apesar da livre concorrência, a internet com base nos EUA se tornou um verdadeiro monopólio que permite às autoridades ‘controlar’ os direitos dos usuários. Atualmente, todo o planeta depende da base tecnológica americana e, para criar outra alternativa, são necessários novos canais como esse.”
Aleksandr Khurchudov, jornalista e economista
“Isso significa que a informação divulgada por Snowden não pegou nenhum país desprevenido. Porém, mais cedo ou tarde, toda ação gera uma reação, especialmente ações tão impertinentes como as dos EUA.”
Mais desconfiada do que nunca
A presidente Dilma Rousseff ficou indignada com os documentos divulgados pelo ex-agente de inteligência norte-americano Edward Snowden, segundo os quais a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) teria espionada a Petrobras, cidadãos brasileiros e até mesmo as trocas de mensagens pessoais da presidente. Durante o discurso de abertura da 68ª Assembleia-Geral da ONU, Dilma fez questão de condenar severamente as ações de espionagem dos Estados Unidos.