A porta-voz oficial do governo chinês, Fu Ying, defendeu, nesta segunda-feira, a expansão dos gastos militares no país, com a alegação de que suas forças armadas contribuem para a estabilidade mundial.
Ying declarou que detalhes do novo orçamento militar serão divulgados na terça-feira, quando terão início sessões legislativas anuais.
Ao longo das duas últimas décadas, Pequim tem expandido seguidamente a verba destinada ao Exército. Em 2012, o crescimento foi de 11,2%, alcançando 607,2 bilhões de yuans (cerca de R$ 200 bilhões).
Apenas os Estados Unidos gastam mais com serviços militares. Fu citou "esforços pela manutenção da paz" e a "luta contra a pirataria" como exemplos de contribuições chinesas para a estabilidade mundial.
O desenvolvimento da China deve estar sempre a serviço da sua política de defesa
A nova estratégia militar e econômica encerrou definitivamente a Revolução Cultural (1965-1974) e fortaleceu o estado central chinês, que recuperou sua condição milenar de guardião moral da unidade e do "interesse universal" do território continental e da civilização chinesa. Uma sociedade multitudinária que se vê a si mesma como uma civilização superior, homogênea e com pelo menos 2.300 anos de existência, a despeito do "século de humilhação" que lhe foi imposto pela "barbárie europeia", entre 1842 e 1945.
Depois do fim da URSS, a China se reaproximou da Rússia e redefiniu seu "mapa estratégico", mas manteve sua fidelidade ao ponto de vista político de Deng Xiaoping: o desenvolvimento da China deve estar sempre a serviço da sua política de defesa. Nesse sentido, se nossa hipótese estiver correta, e mesmo que a história não se repita, o mais provável é que a nova Doutrina Obama de contenção da China reforce e expanda a "economia de guerra" do país, acelerando e aprofundando sua "conquista do oeste" e sua integração com a Rússia e com a Ásia Central.
Por fim, esta história deixa uma lição surpreendente: para os chineses, o desenvolvimento capitalista é apenas um instrumento a mais de defesa de sua civilização milenar, contra os sucessivos cercos e invasões dos "povos bárbaros".
Com informações da AP / Valor