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China fala pela primeira vez em rompimento com Coreia do Norte

A imprensa oficial chinesa falou, nesta quarta-feira, pela primeira vez, em um possível "rompimento" das relações entre Pequim e o aliado norte-coreano.

A declaração serve como último aviso antes de um teste nuclear que deve ser efetuado em breve.

Pequim e Pyongyang "deveriam compartilhar as mesmas preocupações quanto à possibilidade de um rompimento das relações, o que não traria benefício algum à Coreia do Norte", escreveu em editorial o Global Times, jornal do grupo do Jornal do Povo, órgão do Partido Comunista Chinês (PCC).

"Se a Coreia do Norte quer realizar um terceiro teste nuclear, apesar dos esforços para dissuadí-la, ela deve pagar caro por isso. A ajuda que o país recebe da China deverá ser reduzida", ressaltou ainda o jornal, cujos editoriais refletem os pontos de vista de quase todo o estado chinês.

É a primeira vez que a imprensa oficial utiliza o termo "rompimento" das relações entre os dois países desde um primeiro editorial do mesmo jornal no dia 25 de janeiro, que já ameaçava uma possível redução da ajuda chinesa ao aliado. Nos bastidores, este editorial foi considerado "histórico" por diplomatas americanos que trabalham no caso norte-coreano.

"Pyongyang é importante para a China, mas não ao ponto que faça Pequim abandonar seus princípios", disse o jornal com o título: "A China não deve temer os conflitos com a Coreia do Norte".

Os chineses "querem a manutenção da amizade sino-norte-coreana, mas Pyongyang tem que fazer o mesmo", escreveu o jornal, que adverte que "a Coreia do Norte não deve se enganar sobre a China", que "colocará suas relações com Pyongyang abaixo de seus interesses estratégicos".

O editorial do Global Times é o mesmo na versão em inglês, destinada à comunidade internacional, e na versão chinesa.

Oficialmente, Pequim se contentou até o momento em tranquilizar todas as partes. Um novo teste nuclear norte-coreano seria o terceiro, após as tentativas de 2006 e 2009. Na época, o país já sofria sanções votadas pela ONU depois de três lançamentos de foguetes.

Novas ameaças norte-coreanas
 

A China manifestou nesta quarta-feira grave preocupação com a retórica belicosa da Coreia do Norte, que ameaçou ações mais agressivas do que um novo teste nuclear em reação a sanções internacionais impostas ao regime comunista por ter lançado um foguete em dezembro.

"A China está extremamente preocupada pela forma como as coisas estão indo. Nós nos opomos a qualquer comportamento que possa exacerbar a situação e a quaisquer atos que não sejam benéficos para a desnuclearização da península coreana", disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria em Pequim.

"Pedimos a todos os lados relevantes que mantenham a calma, exerçam a moderação e se empenhem de maneira séria em manter a paz e a estabilidade na península coreana", acrescentou.

A China é a única aliada diplomática e econômica relevante da Coreia do Norte, mas tem demonstrado crescentes sinais de exasperação com seu isolado vizinho.

O tabloide comunista Global Times, um dos mais lidos da China, disse que o país deveria adotar uma posição firme e informar aos líderes norte-coreanos sobre as consequências das suas ações.

"Se a Coreia do Norte insistir em um terceiro teste nuclear apesar das tentativas de dissuadi-la, deverá pagar um preço alto", disse o jornal em editorial nas suas edições em chinês e inglês.

O jornal defendeu que a China restrinja sua ajuda caso a Coreia do Norte realize o teste nuclear que promete. Em 2009, a China supostamente cortou o envio de combustíveis à Coreia do Norte depois de um teste nuclear.

Embora esse jornal estridentemente nacionalista não seja considerado um porta-voz oficial do governo chinês, ele é visto como uma publicação influente.

A Coreia do Norte prometeu realizar mais testes nucleares e com foguetes em resposta à reprimenda da ONU por ter lançado um foguete de longo alcance em dezembro, violando sanções anteriores da entidade por causa dos testes nucleares de 2006 e 2009.

Pyongyang disse que o foguete serviu para colocar um satélite em órbita, e que seu uso foi legítimo. Na terça-feira, a Coreia do Norte intensificou sua retórica e prometeu uma ação "mais forte" – e não especificada – em resposta ao teste.

Observadores dizem, com base em imagens de satélite e outras observações, que a Coreia do Norte parece pronta para testar novamente uma bomba atômica, dependendo para isso apenas da autorização do dirigente Kim Jong-un.

Com Agências Reuters/AFP

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