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Davos reúne elite política e econômica mundial (menos o Brasil)

Rogerio Wassermann

O Fórum Econômico Mundial iniciou nesta quarta-feira sua 43ª reunião anual na estação de esqui suíça de Davos reunindo líderes políticos, empresariais, ONGs e empreendedores sociais de todo o mundo, mas o Brasil estará mais uma vez subrepresentado no evento.

Dos mais de 2.500 participantes do fórum que constam da lista oficial do evento, atualizada nesta quarta-feira, há apenas 28 nomes do Brasil – incluindo os de sete jornalistas de meios brasileiros escalados para cobrir o encontro.

Apenas dois desses nomes são de representantes do governo – o do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que representará também a presidente Dilma Rousseff, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Outros três funcionários do governo brasileiro que anunciaram a presença em Davos – o ministro da Defesa, Celso Amorim, o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, e o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Itamaraty, Valdemar Carneiro Leão – ainda não tinham a presença confirmada até a manhã desta quarta-feira pela organização do fórum, que ocorre até domingo.

Mais de quarenta chefes de Estado e governo deverão passar pelo encontro em Davos neste ano. Convidada, a presidente Dilma Rousseff declinou do convite e optou por ficar no Brasil para participar da 6ª reunião de cúpula Brasil-União Europeia, em Brasília, nesta quinta-feira, e da 1ª reunião de cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e caribenhos), em Santiago, no sábado e no domingo.

Dilma nunca esteve em Davos como presidente, ao contrário de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ao encontro já em seu primeiro mês de governo, em janeiro de 2003, e voltou outras duas vezes, em 2005 e 2007. Por problemas de saúde, Lula também cancelou em cima da hora a ida a Davos em 2010, quando receberia o prêmio de Estadista Global da organização.

Brics presentes

A presença brasileira em Davos neste ano contrasta principalmente com a de outros países em desenvolvimento, como os companheiros do grupo Brics (que inclui também Rússia, Índia, China e África do Sul).

Desses, a Índia é a que comparecerá com a delegação mais numerosa, com 109 nomes confirmados na última lista da organização do fórum, incluindo os de quatro ministros. A China terá um pouco menos – 86 representantes, contando também os 24 participantes de Hong Kong.

Rússia (82 nomes na lista) e África do Sul (69 nomes) terão participação menos numerosa, mas ambos os países estarão representados por seus chefes de Governo, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev e o presidente Jacob Zuma.

Para Amâncio Jorge Oliveira, professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo, a presença no fórum é pouco relevante no curto prazo, por não ser uma instituição deliberativa, mas é importante na perspectiva de longo prazo, como instituição de debates.

"Todos os encontros de alto nível como esse servem para constituição de redes, sejam elas políticas, acadêmicas ou de negócios. O Fórum não é diferente", comentou ele à BBC Brasil. "O principal ativo, no âmbito da formação de redes, é a presença simultânea de representantes de governo, de alto escalão, e representantes do setor privado. Em vários encontros internacionais, o que se observa é a presença de um dos setores, ou privado ou governamental. O Fórum tem essa vantagem de intercâmbio entre o setor privado e governos", afirma.

Para ele, a presença no Fórum "aumentaria o cacife do Brasil em outros fóruns distintos". "Dado que o Brasil joga todas as suas fichas na liderança instrumental, ou seja, baseada na capacidade de convencimento mais do que no uso da força, a presença nesse tipo de encontro é importante como ativo político. Evidentemente que a presença passiva não agrega muito. É necessário ter um papel de protagonista e de alto nível nos debates lá realizados", observa.

Cúpulas

Consultada pela BBC Brasil, a Presidência da República afirmou que Dilma Rousseff negou o convite para ir a Davos por ter compromissos oficiais no Brasil e no exterior no mesmo período, como uma visita a São Paulo na sexta-feira para a inauguração de obras habitacionais e desportivas, além das cúpulas Brasil-UE e Celac.

"Tratam-se de reuniões de elevada importância para a diplomacia brasileira e que envolverão a participação de autoridades de alto nível brasileiras e estrangeiras", comentou em um e-mail um porta-voz da Presidência.

"O governo brasileiro também se fará representar no importante Fórum de Davos, com delegação que inclui, entre outros, o Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini", disse o porta-voz, acrescentando ainda que o presidente do BC participou na terça-feira de uma reunião longa com a presidente sobre os temas que serão discutidos em Davos.

Na avaliação do analista Javier Vadell, professor do Departamento de Relações Internacionais da PUC-Minas, a escolha pela reunião da Celac mostra que o governo brasileiro aposta mais na América Latina como foco da política externa brasileira. "A aposta do Brasil é de se mostrar como liderança política e econômica na região", diz.

Para ele, o fato de o foco principal de Davos neste ano ser a crise europeia pode ter influenciado a decisão do governo de não enviar um representante de alto nível ao encontro. "A ausência indica que, para o governo brasileiro, o Fórum Econômico Mundial não é tão relevante para os interesses do país", comenta.

Vadell aponta ainda que a baixa presença de empresários brasileiros é uma indicação de que o setor privado brasileiro também não considera o fórum de Davos como prioridade.

Petrobras e Paulo Coelho

Apesar de o Brasil não ter uma representação numerosa no encontro deste ano, pela primeira vez um representante do país – o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado – ocupará um dos seis postos de co-presidentes do fórum deste ano.

O país também estará mais uma vez presente na figura do escritor Paulo Coelho, frequentador do fórum há vários anos. Na lista da organização, porém, ele aparece como representante de seus agentes literários, a companhia espanhola Sant Jordi Asociados.

Entre os nomes brasileiros confirmados, há cinco representantes da Petrobras, incluindo a presidente Graça Foster, e dois da Embraer, incluindo Curado. Também há representantes de grandes empresas como Vale, Braskem e Camargo Correa e quatro representantes de três bancos privados do país.

A presença brasileira neste ano é menos expressiva que no ano passado, quando havia 32 nomes ligados ao Brasil na lista da organização (incluindo sete jornalistas), mas ligeiramente superior a 2011 (15 nomes), 2010 (20) e 2009 (16).

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